«Por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las.» Bertrand Russell
Monday, February 28, 2005
Da incubadora ao Gulag
Se dúvidas subsistissem sobre a sanidade mental de Santana Lopes, a sua determinação em perseguir os militantes não reverentes à sua figura fala por si.
Saturday, February 26, 2005
Ser inteligente requer inteligência
François Chateaubriand
Friday, February 25, 2005
Antologia
Parlez-nous des Enfants.
Et il dit : Vos enfants ne sont pas vos enfants.
Ils sont les fils et les filles de l'appel de la Vie à elle-même,
Ils viennent à travers vous mais non de vous.
Et bien qu'ils soient avec vous, ils ne vous appartiennent pas.
Vous pouvez leur donner votre amour mais non point vos pensées,
Car ils ont leurs propres pensées.
Vous pouvez accueillir leurs corps mais pas leurs âmes,
Car leurs âmes habitent la maison de demain, que vous ne pouvez visiter,
pas même dans vos rêves.
Vous pouvez vous efforcer d'être comme eux,
mais ne tentez pas de les faire comme vous.
Car la vie ne va pas en arrière, ni ne s'attarde avec hier.
Vous êtes les arcs par qui vos enfants, comme des flèches vivantes, sont projetés.
L'Archer voit le but sur le chemin de l'infini, et Il vous tend de Sa puissance
pour que Ses flèches puissent voler vite et loin.
Que votre tension par la main de l'Archer soit pour la joie;
Car de même qu'Il aime la flèche qui vole, Il aime l'arc qui est stable.
Khalil Gibran, Le Prophète
Máximas do Marquês de Maricá
«É tão fácil o prometer, e tão difícil o cumprir, que há bem poucas pessoas que cumpram as suas promessas»
Thursday, February 24, 2005
Felizmente, enganei-me
Seguem-se-lhe os suspeitos do costume. Até...
Ouvir
Them that’s got shall get
Them that’s not shall lose
So the Bible said and it still is news
Mama may have, papa may have
But God bless the child that’s got his own
That’s got his own
Yes, the strong gets more
While the weak ones fade
Empty pockets don’t ever make the grade
Mama may have, papa may have
But God bless the child that’s got his own
That’s got his own
Money, you’ve got lots of friends
Crowding round the door
When you’re gone, spending ends
They don’t come no more
Rich relations give
Crust of bread and such
You can help yourself
But don’t take too much
Mama may have, papa may have
But God bless the child that’s got his own
That’s got his own
Mama may have, papa may have
But God bless the child that’s got his own
That’s got his own
He just worry ’bout nothin’
Cause he’s got his own
Monday, February 21, 2005
«If you can dream -- and not make dreams your master»*
Essa lição foi dada por alguém que tem sido acusado, exactamente, de ser capaz de tudo para atingir os seus fins pessoais, até de criar um partido, para seu palco exclusivo – Paulo Portas.
Ninguém como ele foi acusado, achincalhado, vilipendiado, na história da nossa democracia de trinta anos. Ninguém, como ele, suscitou tantos ódios, tanta invejosa perversidade, tanto incontido preconceito. Desde o escrutínio a que esteve sujeita a sua vida pessoal, até às acusações de traição política, tudo lhe foi assacado, tudo foi dito, de forma mais, ou menos, pública. E, no entanto, os «crimes» de que o acusaram eram, sucessivamente, perdoados a uns, apontados como qualidades políticas a outros, sem que, na tranquilidade da nossa indiferença, tivessemos tido tempo, e sagacidade, para nos preocuparmos com a justiça dos juízos feitos. Denegrir Portas, até pelo talento de que dava provas, tornou-se um hábito para todos, até para aqueles que lhe deviam a lealdade partidária.
Não, não é meu objectivo santificar Paulo Portas, post mortem. Nem estou a lamber as feridas por qualquer derrota, que nenhuma lhe fico a dever. Não sou militante, nem simpatizante, do CDS. Também não estou a fazer acto de contrição, por desatenção e desrespeito passados. Estou, simplesmente, a constatar que, na noite de ontem, ficou evidente, para cada um dos portugueses que o viu e ouviu, aquilo que apenas o preconceito e o despeito podem impedir de ver – um Político, acreditando nas suas ideias, definiu objectivos e uma estratégia para o seu partido, tornou-os públicos, lutou por eles, sem hesitações, e submeteu-se à vontade popular. Na hora da derrota, veio olhar-nos nos olhos, enunciar, um por um, esses objectivos e, assumindo pessoalmente o fracasso por cada um deles, anunciar que é tempo de outros protagonistas, de outros objectivos, de outros sonhos.
Num país em que estamos habituados a dizer uma coisa e a fazer o oposto, em que o «desenrascanço» é qualidade, o improviso excelência, e a «arte da fuga para a frente» o mais apreciado engenho político, atitudes como esta chocam-nos, por inesperadas.
Paulo Portas não é um santo, nem um génio, nem o oposto. É, tão só, um Homem e um Político. Um Bom Político, com o que de bom, e de mau, essa circunstância se reveste. Procedeu como tal, com maestria. A vontade popular avaliou-o, ele soube curvar-se perante ela, respeitosamente. Tenhamos, agora, os «seus» e os outros, a dignidade de estar à altura do seu gesto: não nos prendamos ao acessório, num momento em que o essencial é que conta; não comparemos a sua atitude à de outros, porque seria diminuí-la, essa comparação; sobretudo, não lhe peçam que volte atrás - há momentos únicos na vida das pessoas, como dos povos, que devem permanecer imutáveis. Só assim honramos quem os protagoniza.
Rescaldo - parte dois
Rescaldo
«Não contente com o acontecido, Pedro Santana Lopes vai agravar a já débil situação do partido: quer ir a Congresso para comprometer o PSD na sua candidatura presidencial. Este homem só pensa nele e tentará arrastar o maior número na sua queda.» David Justino, 4R - Quarta República.
«Do cimo do púlpito, Sócrates era, por outro lado, o espelho do susto, agarrado a um papel que lia enquanto transpirava. Nunca tinha visto um líder partidário, acabado de ser eleito Primeiro-Ministro - o homem mais importante do país - esgadanhar-se com um papel e o seu próprio suor numa noite em que, mais do que palavras escritas previamente, os portugueses gostariam de ter sentido a sua força para mudar Portugal.» Nónio, Nónioblog.
«A diferença entre o discurso de Sócrates e a declaração de derrota de Paulo Portas -
É a diferença entre um homenzinho que nem sequer sabe vencer e um senhor que soube assumir a derrota e retirar dela todas as consequências. » Paulo Pinto Mascarenhas, O Acidental.
Menino guerreiro
Assume a derrota, ma non troppo.
Foram três anos e meio, e a ele não lhe deram tempo de governar!
Continua a saga das facadas, a criança ainda não saiu da incubadora!
Se é na adversidade que um homem mostra o que vale, este provou que não vale nada!
Sunday, February 20, 2005
Sócrates - absoluto
Que ela, ao menos, nos venha a servir para alguma coisa!
Santana - procrastinador
contínuo disponível...
logo se verá...
FALTA DE NÍVEL, até ao fim!
DEMISSÃO - Portas assume todas as derrotas - «as coisas são o que são!»
«Não tenho ressentimento nenhum dos eleitores»
Luis Filipe Menezes
Palavras de apoio e estímulo a Santana Lopes, o futuro é ainda algo vago... mas ele, Menezes, está à espreita.
Mudar de vida
Mudar, regenerar, retirar as consequências...
No PSD, o futuro já começou?
Refundação
CAA no Blasfémias.
O pior vem agora...
Talvez seja a pensar nessa pressa que ALX já está só a pensar nas presidencias!
Tudo no Abrupto.
Saturday, February 19, 2005
Antologia
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade
-essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,eu consisto,
amém.
Clarice Lispector
Período de reflexão (V)
«As revoluções, como os vulcões, têm os seus dias de chamas e os seus anos de fumaça »
Victor Hugo
Período de reflexão (IV)
(foto roubada a Pula Pula Pulga)
«Ao examinarmos os erros de um homem, conhecemos o seu carácter »
Confúcio
Período de reflexão (III)
«Quando os verdadeiros inimigos são muito fortes, é preciso escolher inimigos mais fracos .»
Umberto Eco
Período de reflexão (II)
«Considera bem a medida da tua força e aquilo que excede a tua aptidão»
Horácio
Período de reflexão (I)
«É tão fácil enganar-se a si mesmo sem o perceber, como é difícil enganar os outros sem que o percebam»
La Rochefoucauld
Friday, February 18, 2005
Thursday, February 17, 2005
Acidental
«If I had only known, I would have been a locksmith.»*
Wednesday, February 16, 2005
«As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade »*
No post de que este fragmento faz parte, muito bem se diz que é tempo de os partidos políticos pensarem nas consequências, para o modo de fazer política, da emergência de novas formas comunicacionais, nomeadamente esta que se concretiza através dos blogues.
Considero muito pertinente, mais do que oportuna e, sobretudo, necessária esta reflexão.
Não é por acaso que a «opinião», o «comentário» político, a «informação», que circulam na blogosfera portuguesa a propósito da realidade nacional são, cada vez mais frequentemente, mencionados na comunicação social, referidos pelos actores políticos, usados por uns e por outros (é ver o aparecimento de blogues dos jornalistas que acompanham a «volta» eleitoral, blogues dos candidatos, blogues dos partidos, blogues de personalidades da cena política). Nos blogues, com a facilidade que este meio «amigável» e (que pode ser) anónimo dá a qualquer um mediano utilizador da internet, com pretensões a emitir opinião, escreve-se TUDO, a sério e a brincar, com mais ou menos veneno, com ou sem isenção. Desde o factual, ao mais perfeito delírio, desde o que cabe na esfera do politicamente correcto, ao que antigamente se pensava, quando muito se dizia em confidência, tudo está acessível a qualquer utilizador da internet. E com um efeito multiplicador, que importa não desprezar, no qual o volume da blogosfera portuguesa será o factor de menor peso, mas em que o «tipo» de informação circulante, por ser muito mais apetecível do que aquela a que a comunicação social acaba por ficar circunscrita, é, isso sim, a receita segura para o efeito bola de neve, que já se conseguiu perceber que tem. Não será alheio a este fenómeno o «peso» que o boato teve, pela primeira vez com a dimensão e as características de que se revestiu, nesta campanha.
A «opinião» circulante nos blogues, e convém lembrar que muita dela é anónima e toda (?) ela é «não editada», está a revestir-se de crescente importância (e por isso deverá ser, em grau equivalente, objecto de acompanhamento, observação e estudo), pelo reflexo que tem na opinião pública, pela mudança que já é perceptível na comunicação social e pela influência que também já se sente que tem no comportamento dos actores políticos.
Por enquanto, estamos nos primórdios do que virá a ser a utilização de uma nova e poderosa arma de influência, com o que de bom, e de perverso, este «estado de ingénua impunidade» tem. Apesar disso, os efeitos, se bem que ainda discretos, são já perceptíveis. E porque há muito a aprender neste domínio, de um lado e do outro da barricada, é bom que quem vá governar não descure a questão da educação para os média, menos para dela tirar imediato e próprio proveito e mais para, também neste domínio, promover uma cultura de exigência e de responsabilidade.
O debate final - part two
«A origem de toda a angústia é a de ter perdido o contacto com a verdade »
Vilhelm Eklund
Tuesday, February 15, 2005
«Chemins qui ne mènent nulle part»*
Chemins qui ne mènent nulle part
entre deux prés,
que l'on dirait avec art
de leur but détournés,
chemins qui souvent n'ont
devant eux rien d'autre en face
que le pur espace
et la saison.
Rainer Maria Rilke
Monday, February 14, 2005
"Não julgueis, para que não sejais julgados" (Mt 7,1)
A cadeira do poder (IV)
Isto não invalida que o Estado português também tenha um problema do lado das despesas - e que é imprescindível ter a coragem política de atacar os lóbis que estão instalados à mesa do Orçamento e que capturam recursos de todos para os seus próprios fins. Mas já é alguma coisa que se comece a sério por um dos lados do problema. E Bagão bem se pode orgulhar da obra que, nesta matéria, deixa ao seu sucessor.»
Nicolau Santos – Expresso online, 14/02/05
Friday, February 11, 2005
A cadeira do poder (III)
«...o INE revelou que o emprego na indústria baixou 2,9% em 2004. O emprego caiu 6,3% na produção de energia, diminuiu 3,6% nos bens de investimento, desceu 2,8% nos bens intermédios e reduziu-se 2,6% nos sectores que fabricam artigos de consumo. O número de horas trabalhadas pela indústria apresentaram também uma redução de 2,4% durante todo o ano passado e baixaram 0,5% só no mês de Dezembro. Apesar da crise no sector, as remunerações totais pagas pela indústria portuguesa subiram 0,6% em 2004, mas baixaram 0,6% homólogos em Dezembro.»
A cadeira do poder (II)
«A carência de infecciologistas, como a que se regista no Hospital Amadora-Sintra, é generalizada em Portugal, onde existem 108 especialistas para largos milhares de doentes, disse ontem à Agência Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos. (...) O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, esclarece que a carência de infecciologistas é uma realidade nacional. Quando apareceu a sida nos anos 80, a dimensão do fenómeno não foi imediatamente reconhecida e desde então o papel do infecciologista foi crescendo, mas houve uma reacção tardia na formação destes especialistas. O bastonário - que considera que esta carência se vai sentir nos próximos dez anos e que só depois disso existirão médicos em número suficiente -
alerta para o facto de a carência de especialistas ser generalizada e abranger o país inteiro e quase todas as especialidades.»
Thursday, February 10, 2005
Antologia
A luz do sol bate na lua...
Bate na lua, cai no mar...
Do mar ascende à face tua,
Vem reluzir em teu olhar...
E olhas nos olhos solitários
Nos olhos que são teus... É assim
Que eu sinto em êxtases lunários
A luz do sol cantar em mim...
Manoel Bandeira
A ingenuidade assenta-lhe mal
«...o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento»
Ary dos Santos, Desfolhada
A cadeira do poder (I)
«Os erros cometidos no concurso de colocação de professores de 2004 lesaram os docentes portugueses em quase 1,6 milhões de euros. Estes são os cálculos da Federação Nacional de Professores (Fenprof). A organização sindical, que representa cerca de 70 mil docentes, tem em mãos 70 processos a decorrer no tribunal administrativo e 1056 recursos, hierárquicos ou de outra natureza, que estão a ser "tratados directamente" com o Ministério da Educação (ME). »
Diário de Notícias - 10/02/05
Wednesday, February 09, 2005
«Antes o necessário que o útil»*
Deixando, por ultrapassado, este vergonhoso episódio, escalpelizado que foi o «fait-divers» e exauridas as interrogações sobre os beneficiários do mesmo, subsiste a questão da maioria absoluta do PS, enquanto estratégia de revitalização do PSD.
Quando, em 3 de Fevereiro, concordei, a contragosto, com a conclusão do Pula Pula sobre a utilidade do voto no PS, como o processo mais eficaz para varrer, rapidamente, Santana e seus acólitos da estrutura operacional do PSD, parti do pressuposto de que restaria ao presuntivo herdeiro de Sá Carneiro (outro delírio de Santana, já desmontado pela família do notável defunto) um resquício de sanidade. Erro meu, imperdoável, porque já o sabia louco, mas admito que o cuidava, ainda, numa fase menos avançada da sua insanidade.
Santana já confidenciou em privado, e já assumiu em público, que não retirará consequências de uma derrota nas urnas. Perante estas afirmações, somos levados a pensar o razoável: que Santana sabe que uma derrota sua se jogará na «linha de Aquiles», isto é, que o PSD ficará relativamente perto do resultado do PS (e não é descartável, este cenário), ou que terá como adquirido um resultado equivalente, ou mesmo superior, ao do PS, contando com o somatório dos votos no seu partido e no, ainda e talvez futuro, parceiro de coligação. Este raciocínio está, contudo, viciado à partida, pela razoabilidade do observador externo, mas esta sensatez não se encontra hoje em Santana Lopes, ultrapassada que foi, há muito, uma saudável percepção do que é, nele, a realidade.
Partindo, portanto, do pressuposto deste patológico afastamento do real em Santana Lopes, a que não podemos deixar de acrescentar o deserto que constitui a sua vida profissional fora da arena política, não será descabido assumir que ele sente que poderá, e deverá, permanecer à frente do PSD, em qualquer circunstância. Os interesses do aparelho laranja, uma eventual, e pontual, conveniência da geometria política, a falta de liderança no seio do PSD não PPD, estão a ajaezar este cenário. Ora, sendo assim, façamos de novo a pergunta: o que temos a ganhar com uma maioria absoluta do PS? Melhor governo? Já vimos, ainda sofremos e recordamos bem o que um governo socialista, como seria este liderado por José Sócrates mas de inspiração guterrista, pode fazer por Portugal, sem maioria absoluta; podemos imaginar o pesadelo que será com essa maioria. Depois, uma maioria absoluta do PS desmobilizará, durante um tempo razoável, a emergência de uma liderança forte no PSD, que aposte no afastamento de Santana e na refundação do partido (e, no estado de fractura em que Santana tem já hoje o PSD, de refundação da social-democracia tem de se falar, quando se aborda a questão do futuro do partido laranja). Quanto às consequências dessa maioria para o cenário das presidenciais, nem vale a pena rascunhar uma teoria, elas são mais do que previsíveis.
No que possa ser, portanto, a utilidade do voto, o crescimento dos pequenos partidos dos extremos não sendo, totalmente, uma carta fora do baralho, não oferece a possibilidade de corresponder à necessidade que se identifica, pelo que começo a acreditar que, só no contexto de um resultado não penalizador para o PSD, é que este será forçado a encontrar a estratégia mais eficaz para erradicar Santana Lopes e as ervas daninhas que este alimentou no partido. Não tanto porque de sobrevivência se trata, mas porque neste cenário se mantém, desejável e tangível, a teia de poder que a solução Santana ameaça, desde já.
*provérbio
Tuesday, February 08, 2005
Down, down, down
and the devil called him by name
he went down down down
hangin' onto the back of a train
he went down down down
this boy went solid down
always chewed tobacco
and the bathtub gin
always chewed tobacco
and the bathtub gin
he went down down down
this boy went solid down
he went down
Well he went down down down
and the jumped on his head
he went down down down
stayin' in a broken down shed
he went down down down
sleepin' in the devil's bed
he went down down down
never listened to the words I said
he went down down down down
he went down
Well he went down down down
and the devil said where you been
he went down down down
he screamin' down around the bend
down down down
this boy went solid down
He was always cheatin'
and he always told lies
he was always cheatin'
and he always told lies
he went down down down
down down down
this boy went solid down
he went down
Tom Waits
Santana não fez campanha no Carnaval...
Monday, February 07, 2005
Le chemin de l'amour *
Avec ton beau visage.
Si tu changes de nom, d'accent, de coeur et d'âge,
Ton visage du moins ne me trompera pas.
Les yeux de ton visage, Amour, ont près de moi
La clarté patiente des étoiles.
De la nuit, de la mer, des îles sans escales,
Je ne crains rien si tu m'as reconnue.
Mon Amour, de bien loin, pour toi, je suis venue
Peut-être. Et nous irons Dieu sait où maintenant ?
Depuis quand cherchais-tu mon ombre évanouie ?
Quand t'avais-je perdu ? Dans quelle vie ?
Et qu'oserait le ciel contre nous maintenant ?
* Sabine Sicaud
«Everything is vague to a degree you do not realize till you have tried to make it precise.»*
No mesmo saco informativo, anatomizam-se programas de governo, teoriza-se sobre a motivação oculta para a cor da gravata, achega-se o boato rasteiro, repudia-se o mesmo, mostra-se e dá-se a receita do almoço e do jantar de campanha, perora-se, infinitamente, sobre as grandes questões, que qualquer encartado no café do bairro entende hoje que não podem ficar de fora do debate político; executam-se, com «oportunidade», um infindável número de actos paroxísticos, que correspondem, mais coisa, menos coisa, ao share a atingir no momento em que a peça irá para o ar.
Até os oásis de informação para pensar, que também existem, vão frequentemente atrás da informação descartável, amplificando-a, mesmo quando o objectivo é desmitificá-la.
Vem tudo isto a propósito das imagens, terríveis, dos dois comícios de Castelo Branco, nos quais os candidatos a primeiro-ministro de um país europeu se menosprezaram ao ponto de tornarem públicas as suas mais aviltantes preocupações: ser capaz de falar melhor, por mais popularucho, mais televisivo; reunir mais gente, das redondezas, porque a que se arrebanhou longe representa falta de ética; ter o «colo» das figuras do passado que melhor representação têm no imaginário popular; demonstrarem a posse de: mais bandeiras, a banda sonora mais eficaz, mais jovens efervescentes, mais velhinhos dormentes; finalmente, fazerem as contas e saberem qual passou melhor nas televisões, de que forma a parafernália do carnaval comicieiro foi qualificada por cada um dos canais de serviço, que parafusos as equipas de marketing devem «aparafusar» para o sucesso do próximo evento.
Mas será que temos, mesmo, de nos resignar ao show mediático da política?
A resposta é negativa, obviamente. Podemos analisar, comparativamente, os programas dos partidos, por muito árida que seja essa tarefa; podemos, sobretudo devemos, fazer um esforço de memória para recordar actuações passadas daqueles que se perfilam para as cadeiras do poder; temos, se bem a procurarmos, informação pertinente sobre restrições/imposições externas, que nos permitirão identificar falsas promessas, logros eleitorais, erros dos candidatos e incoerências programáticas e ideológicas dos partidos. Com esforço e com método, se conseguirmos limpar o nosso «ficheiro» pessoal do lixo que a publicidade política nele deposita, cada um de nós é capaz de saber o que é essencial para que este país enverede pelo trilho do efectivo desenvolvimento, e, com motivação e ânimo, seremos capazes de encontrar o meio eficaz para exigir que esse trilho seja seguido.
Ter cada um de nós esta certeza, no momento presente, parece-me fundamental para o nosso sistema político e para o nosso destino colectivo, porque, tal como a situação se apresenta, em qualquer dos dois candidatos à chefia do governo nada existe, para além da vozearia e da pose sob os holofotes, e se um terá de governar, o outro terá de saber exigir-lhe que governe, e nenhum deles está preparado para qualquer uma dessas tarefas.
Friday, February 04, 2005
And the Oscar goes to...
Santana Lopes!
Porque com um sorriso matreiro e uma frase assassina, transformou o boato em afirmação, com aquela misericordiosa aceitação da diferença que o boato insinua, sem que Sócrates tenha parecido dar por isso.
Quanto ao resto, bem, se alguém estiver mesmo interessado o melhor é ir ver o filme. Eu não conto o final, mas sempre digo: é «barrete»!
Thursday, February 03, 2005
A ti, a quem a morte chega, vagarosa.
Canta-me cantigas, manso, muito manso...
Tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
Que a minh'alma tenha paz, descanso,
Quanto a Morte, em breve, me vier buscar!...
Guerra Junqueiro
Wednesday, February 02, 2005
«A paixão é um momento incandescente do amor»*
* Eduardo Lourenço:
«...toda a paixão é a mesma paixão. Se ela se repete, ou se temos a impressão que revivemos uma grande paixão, é porque nenhuma paixão, mesmo a mais alta, em si mesma se esgota. Portanto, tem de ser perdida, reencontrada, reinventada, se não, é uma simples ofuscação»
Impudicícia!
É já um chavão dizer que somos um país adiado. Contudo, não se peca por exagero ao reinsistir. Vejamos: está hoje na comunicação social que a criação de uma nova entidade nacional de vigilância do sangue, imposta por uma directiva europeia, foi adiada para depois das eleições. Os motivos, patéticos, são os de sempre: reacção à invasão do quintalinho dos interesses instalados. Entretanto, sabe-se no mesmo dia que « num total de 149 mil unidades de sangue colhidas em 2003 foram detectados 16 casos de infecções por HIV/sida », segundo informação do «dono» do quintal invadido, o director do Instituto Português do Sangue (IPS).
«A ausência é a causa de todos os males»*
Como o tempo e o espaço dos partidos parece irrecuperavelmente perdido para a inanidade, há quem se sobressalte, civicamente. O movimento (perverso, ou não), vale pelo que tem de iniciativa e de proclamado contributo «para que sejam encontradas soluções para o futuro de Portugal que não estejam condicionadas por preocupações eleitoralistas».
Justifica-se, porque « O discurso directo do Estado não chega à população, chegando a ela apenas por via de interpretação ou da mediação. Ora o Estado é uma criação da comunidade e é nossa responsabilidade assumir a defesa do seu bom nome. São necessárias, em Portugal, lideranças mobilizadoras, capazes de operar as mudanças inadiáveis, o que requer um discurso e uma prática que não se subordinem àquilo que, em cada momento, é considerado como politicamente correcto.»
O documento é recatado no diagnóstico e frugal no receituário. Talvez por os seus autores terem já encontrado o lider mobilizador, a quem reservarão a novidade das ideias e o brilho das palavras.
Tuesday, February 01, 2005
Antologia
E as ilusões, estão todas perdidas
Os meus sonhos, foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito, ah, eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo, mudar o mundo
Frequenta agora as festas do "Grand Monde"
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia, eu quero uma pra viver
O meu prazer, agora é risco de vida
Meu sex and drugs, não tem nenhum rock'n'roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem sou eu
Ah, saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo, mudar o mundo
Agora assiste a tudo em cima do muro, em cima do muro
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia, eu quero uma pra viver
Ideologia, pra viver
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo, mudar o mundo
Agora assiste a tudo em cima do muro, em cima do muro
Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia, eu quero uma pra viver
Cazuza