Tenho falado muito pouco de Maddie McCann, aqui, mas o que me espantava a 29 de Maio, continua, em minha opinião, a marcar este caso, ainda mais depois das provas e contraprovas forenses virem deixar a quase certeza da morte da infeliz criança. O meu espanto é, decerto, o de milhões de pessoas em todo o mundo, tal foi, nestes quatro meses, a dimensão planetária que este caso assumiu. Se parece hoje muito fácil pensarmos que a tese do rapto, e todo o circo mediático montado ao redor desta possibilidade, apenas serviu a necessidade de criar uma cortina de fumo para encobrir a morte da criança, e para se baralharem e destruírem evidências que conduzissem a investigação, demasiado cedo, a esta pista mais macabra, ganha pertinência interrogarmo-nos sobre o porquê desta necessidade ser partilhada pelos pais e por pessoa, ou pessoas indeterminadas, cuja ajuda não puderam deixar de obter.
Efectivamente, compreende-se que, tendo Maddie morrido no fatídico dia 3 de Maio, os pais, temerosos das consequências que daí lhes poderiam advir, a nível pessoal, profissional e familiar, possam ter agido, rápida e friamente, fazendo sair o corpo da filha do apartamento, e simulando um rapto. Compreende-se que, cultos e informados como são, tenham antecipado que, quanto mais visível e credível fosse a sua convicção num rapto, mais probabilidades haveria de que as investigações se orientassem, preferencialmente, nessa direcção, e para o que acontecera no exterior do apartamento, mas concluir isto é concluir, também, que os pais pretendiam, ou necessitavam, que a passagem do tempo atenuasse os vestígios da morte da filha no apartamento, tornando estes bastante menos conclusivos, e que esta necessidade dos pais terá sido partilhada por quem os ajudou, ou lhes arranjou ajuda. O que continua a não se perceber, apesar da agora conhecida ligação familiar dos McCann a certas “alavancas” no governo britânico, é a capacidade que os pais tiveram: primeiro de, em escassas duas horas, num país estrangeiro, arranjarem a(s) ajuda(s) necessária(s) para transportar, guardar, ou desfazer-se do corpo da criança; depois, de, em pouquíssimos dias, terem tido a possibilidade de falar com governos e reis, de chegarem ao Papa, noVaticano, de porem a foto de Maddie em jornais e televisões de todo o mundo, correndo o risco, calculado, de transformar o rosto da filha no mais mediático, à escala global, depois do da princesa Diana. E o risco de fazerem esta exposição de Maddie era mortal, para ela, se o rapto fosse real, facto que os pais tinham que conhecer, perfeitamente. Também não terá sido a extrema e mórbida avidez dos principais media mundiais por este caso, avidez muito real e não inteiramente compreensível, pelo menos logo no início dos acontecimentos, que, por si só, conseguirá explicar os meios de que os McCann dispuseram, para o seu encontro com as instâncias políticas e policiais mais elevadas, em vários países.
Pode ser que, tal como nos crimes de Agatha Christie, tudo seja muito simples e óbvio, e, de tão simples e óbvio, tenha sido, numa primeira abordagem, negligenciado pela polícia, mas esta tese de negligência policial não parece ter pernas para andar. De facto, não é normal o protocolo da acção policial descartar o que é mais provável, paralelamente a outras linhas de investigação, e as estatísticas policiais apontam, infelizmente, para uma probabilidade elevada de que os crimes contra menores aconteçam no interior das próprias famílias. Não parece, por isso, provável que, mesmo postos perante uma fenomenal acção mediática, como aquela a que se assistiu, e assiste até hoje, os investigadores possam ter negligenciado uma discreta vigilância de eventuais movimentações suspeitas dos pais da criança, logo desde o desaparecimento desta.
Que a polícia portuguesa não teve, de imediato, recursos técnico-científicos para as provas forenses, que providenciou que viessem a ser efectuadas no Reino Unido, é um facto, mas não é imaginável que tenha, desde logo, descartado a possibilidade de os McCann estarem envolvidos no desaparecimento da filha e, a comprová-lo, está o caminho que as investigações foram seguindo, orientadas para a provável morte de Maddie, independentemente de os pais se manterem agarrados, sem desfalecimento, à tese do rapto.
Ora, é por não acreditar que os McCann, nas barbas da polícia e debaixo dos holofotes dos media, tiveram tempo e espaço para poderem mobilizar o corpo da filha, que teria saído do apartamento no dia 3 de Maio, sabe-se lá para onde, para que este pudesse vir a deixar vestígios fisiológicos no tristemente célebre Renault Scénic prateado, alugado por eles 25 dias depois do desaparecimento de Maddie, que o rumo que as investigações estão a tomar me parece vir dificultar, em vez de facilitar, a descoberta da verdade. Se houve tempo e recursos, no dia do desaparecimento, para retirar o corpo da criança para um local que a polícia nunca conseguiu descobrir, para quê guardá-lo para que, quase um mês depois, os pais tivessem que o colocar no Renault, para dele se desfazerem, de forma tão eficaz, que não foi encontrado, até agora, apesar dos cães, dos videntes, dos peritos, e de toda a parafernália de meios luso-britânicos aplicados nas buscas? Se os McCann tiveram que fazer ocultar o corpo da filha, na noite de 3 de Maio, necessitaram, e obtiveram, ajuda para isso, o que não joga com uma desajeitada e arriscadíssima manobra posterior, para se desfazerem eles próprios do cadáver, com recurso à utilização do automóvel que estavam a usar e que, sabiam-no bem, seria objecto de inspecção pericial. A ter-se verificado isto, para além da aparente estupidez dos actos, que não confere com o perfil de frieza e os conhecimentos profissionais de ambos os pais, teria de ter havido uma total desatenção da polícia, dos media, e dos muitos curiosos mórbidos, que não perdiam pitada das movimentações da família.
Efectivamente, compreende-se que, tendo Maddie morrido no fatídico dia 3 de Maio, os pais, temerosos das consequências que daí lhes poderiam advir, a nível pessoal, profissional e familiar, possam ter agido, rápida e friamente, fazendo sair o corpo da filha do apartamento, e simulando um rapto. Compreende-se que, cultos e informados como são, tenham antecipado que, quanto mais visível e credível fosse a sua convicção num rapto, mais probabilidades haveria de que as investigações se orientassem, preferencialmente, nessa direcção, e para o que acontecera no exterior do apartamento, mas concluir isto é concluir, também, que os pais pretendiam, ou necessitavam, que a passagem do tempo atenuasse os vestígios da morte da filha no apartamento, tornando estes bastante menos conclusivos, e que esta necessidade dos pais terá sido partilhada por quem os ajudou, ou lhes arranjou ajuda. O que continua a não se perceber, apesar da agora conhecida ligação familiar dos McCann a certas “alavancas” no governo britânico, é a capacidade que os pais tiveram: primeiro de, em escassas duas horas, num país estrangeiro, arranjarem a(s) ajuda(s) necessária(s) para transportar, guardar, ou desfazer-se do corpo da criança; depois, de, em pouquíssimos dias, terem tido a possibilidade de falar com governos e reis, de chegarem ao Papa, noVaticano, de porem a foto de Maddie em jornais e televisões de todo o mundo, correndo o risco, calculado, de transformar o rosto da filha no mais mediático, à escala global, depois do da princesa Diana. E o risco de fazerem esta exposição de Maddie era mortal, para ela, se o rapto fosse real, facto que os pais tinham que conhecer, perfeitamente. Também não terá sido a extrema e mórbida avidez dos principais media mundiais por este caso, avidez muito real e não inteiramente compreensível, pelo menos logo no início dos acontecimentos, que, por si só, conseguirá explicar os meios de que os McCann dispuseram, para o seu encontro com as instâncias políticas e policiais mais elevadas, em vários países.
Pode ser que, tal como nos crimes de Agatha Christie, tudo seja muito simples e óbvio, e, de tão simples e óbvio, tenha sido, numa primeira abordagem, negligenciado pela polícia, mas esta tese de negligência policial não parece ter pernas para andar. De facto, não é normal o protocolo da acção policial descartar o que é mais provável, paralelamente a outras linhas de investigação, e as estatísticas policiais apontam, infelizmente, para uma probabilidade elevada de que os crimes contra menores aconteçam no interior das próprias famílias. Não parece, por isso, provável que, mesmo postos perante uma fenomenal acção mediática, como aquela a que se assistiu, e assiste até hoje, os investigadores possam ter negligenciado uma discreta vigilância de eventuais movimentações suspeitas dos pais da criança, logo desde o desaparecimento desta.
Que a polícia portuguesa não teve, de imediato, recursos técnico-científicos para as provas forenses, que providenciou que viessem a ser efectuadas no Reino Unido, é um facto, mas não é imaginável que tenha, desde logo, descartado a possibilidade de os McCann estarem envolvidos no desaparecimento da filha e, a comprová-lo, está o caminho que as investigações foram seguindo, orientadas para a provável morte de Maddie, independentemente de os pais se manterem agarrados, sem desfalecimento, à tese do rapto.
Ora, é por não acreditar que os McCann, nas barbas da polícia e debaixo dos holofotes dos media, tiveram tempo e espaço para poderem mobilizar o corpo da filha, que teria saído do apartamento no dia 3 de Maio, sabe-se lá para onde, para que este pudesse vir a deixar vestígios fisiológicos no tristemente célebre Renault Scénic prateado, alugado por eles 25 dias depois do desaparecimento de Maddie, que o rumo que as investigações estão a tomar me parece vir dificultar, em vez de facilitar, a descoberta da verdade. Se houve tempo e recursos, no dia do desaparecimento, para retirar o corpo da criança para um local que a polícia nunca conseguiu descobrir, para quê guardá-lo para que, quase um mês depois, os pais tivessem que o colocar no Renault, para dele se desfazerem, de forma tão eficaz, que não foi encontrado, até agora, apesar dos cães, dos videntes, dos peritos, e de toda a parafernália de meios luso-britânicos aplicados nas buscas? Se os McCann tiveram que fazer ocultar o corpo da filha, na noite de 3 de Maio, necessitaram, e obtiveram, ajuda para isso, o que não joga com uma desajeitada e arriscadíssima manobra posterior, para se desfazerem eles próprios do cadáver, com recurso à utilização do automóvel que estavam a usar e que, sabiam-no bem, seria objecto de inspecção pericial. A ter-se verificado isto, para além da aparente estupidez dos actos, que não confere com o perfil de frieza e os conhecimentos profissionais de ambos os pais, teria de ter havido uma total desatenção da polícia, dos media, e dos muitos curiosos mórbidos, que não perdiam pitada das movimentações da família.
Parece, no meio de tudo isto, colher a tese segundo a qual, perante a morte acidental da criança, os pais, com elevada dose de “profissionalismo”, conseguiram a atenção dos media para um possível rapto, para darem uma exposição tal à filha, que o eventual achamento posterior do corpo desta, alegadamente morta pelos seus raptores, se poderia vir a justificar pela extrema mediatização do seu rosto e das suas particularidades físicas, que lhe teriam “anulado” qualquer valor no mercado da venda de crianças. Mas, se esta tese pode colher alguma credibilidade, voltamos às velhas questões: Quem esteve por trás do “profissionalismo” mediático dos McCann? Quem os ajudou a montar a gigantesca, e extraordinariamente bem conduzida, busca mundial de Maddie McCann? Quem lucrava com isso? Quem tinha os meios? A resposta a estas questões obtém-se quando se conhecerem as causas da morte da menina, pois, nas causas dessa morte, por acidente ou dolo, estará a chave para se poder deslindar este mistério. Mas será que alguma vez se saberá como morreu Maddie McCann? Pelos contornos do caso, a descoberta da verdade é uma possibilidade que me parece cada vez mais remota.
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