Provavelmente na expectativa de emoções fortes, que sucessivos furacões talvez ainda consigam arrancar aos adormecidos tugas, a rota das tempestades tropicais parece ter-se tornado um must nas opções dos portugueses, para a nossa silly season. É uma opção silly? É, mas cada um tem o direito de optar como quer, e o Algarve está pela hora da morte, na season, uma season bem à dimensão tuga: nova-rica, a dar-se ares de cosmopolita, mas efectivamente mixuruca e pacóvia.
Ora, se bem que a silly season portuguesa, nos últimos anos, tenha sofrido um upgrade para os restantes meses do ano, e engordado, esgotadas que foram as disponibilidades do calendário, a rentrée, mais do que a silly, ela própria, adquiriu já características de uma season, com direito a marca registada e calendário incontornável, Setembro (mas, registe-se: o seu sucesso é tal, que a rentrée começa a ganhar terreno, surgindo já, esplendorosa, por meados de Agosto!). Seja pela recém-descoberta e tão propalada síndrome pós-férias, seja porque o sol nos torrou a moleirinha, seja porque os furacões nos arrasam as férias caribeñas, seja porque São Pedro descarrega os desequilíbrios da andropausa brindando-nos, ora com incêndios infernais, ora com enxurradas monumentais, a verdade é que entramos Setembro com tal fúria para o disparate, que justificaria, terminado o mês, uma cura prolongada, num spa especializado. Admitamos, é assim pela caduca Europa, mas nós, como em tudo o que é pior, nunca deixamos os nossos créditos por mãos alheias, e exibimos, orgulhosamente, um honroso lugar cimeiro na tabela da patetice.
Ele é um ministro das finanças que, alarvemente, se regozija com taxas de crescimento arrasadoras para as expectativas mais sombrias que ainda conseguíamos ter; ela é uma ministra que passa, orgulhosa e ufana, sobre dezenas de milhar de profissionais sob a sua tutela, lançados para o desemprego porque as políticas para o sector têm sido cegas, desastradas e desconexas; eles são dois inenarráveis políticos profissionais, qual deles o mais inócuo e ineficaz opositor a este regime que nos sufoca, a degladiarem-se, como galarotes de combate, para chefiarem um partido em coma auto-induzido, tal é a força da crença que tem na rotatividade do ciclo político; eles são os fazedores de opinião que, interrompido o filão dos cães descobridores de cadáveres, se apressam a abocanhar o puto que vai às fêmeas de virtude duvidosa, e que depois, em crise absoluta de imaginação, não desdenham enlaçar os poucos centímetros dos bikinis da Diana Chaves nos(as) acompanhantes rotativos(as) da menina, que, à conta do olho para o negócio de alguns "profissionais" da informação, factura a galope entre as areias da Caparica e as piscinas in cá do burgo. Pelo meio de tanta silly desfaçatez pública, os assuntos mais sérios, e “privados” também têm a sua season: a Presidência da UE parou para férias, mas, nem assim, os atrasos nos importantes dossiers nacionais se recuperaram, que ministro também é gente e tem direito a molhar a pata, sem ser na poça em que, habitualmente, chafurda; os partidos da oposição, os sindicatos, os parceiros sociais e afins, não recuperaram da crise de incompetência crónica de que dão mostras, e aprestam-se a demonstrar eficácia “refrescando” os “trapinhos” com que abrilhantaram a passada season, enquanto que entre São Bento e Belém continuam a soprar os ventos de concórdia, que alguns teimam em querer ver estremecida por uns vetos da silly season, quando tudo não passou de um ensaio para o second life.
Terminada a descontracção da silly season, devidamente compreensível durante a mesma, eis-nos, por obra e graça da incontornável rentrée, regressados à season habitual, tão silly como a legítima, mas a exigir-nos ar mais sério e pose compenetrada, como se, de facto, acreditássemos que não estamos mais pobres, que a nossa economia não continua a patinar, que a educação não se mantém atolada no lamaçal que conhecemos, que a saúde já não está moribunda, que o governo não está apenas a propagandear a um ritmo alucinante, para disfarçar, que a oposição não se entretém a dançar o bolero de Ravel, para empatar, e que todos nós fazemos outra coisa que não seja esperar que o tempo vá passando, e que um milagre aconteça, livrando-nos deste triste fado. E assim, como valsinha em baile familiar, o ciclo do tempo cumprir-se-á: os dias correrão ao sabor da mediocridade do costume, inventar-se-ão factóides, mentirá o governo, assobiarão as oposições, nós adormeceremos e acordaremos entre novelas e futeboladas, ao som de inconsequentes apitos de várias cores, enquanto que uns, os que podem, encherão as contas bancárias, e o povinho empobrecerá cada vez mais. Mas, no pasa nada, que o tuga é fixe e acredita no Pai Natal. O milagre chegará um dia, sem dúvida, para cada um de nós, na sua hora, quando o fim da nossa aventura terrena nos livrar de todas as dificuldades e angústias. Até lá, há que sobreviver, se possível com algum humor, que a season está para durar, e mais silly do que nunca.
Ora, se bem que a silly season portuguesa, nos últimos anos, tenha sofrido um upgrade para os restantes meses do ano, e engordado, esgotadas que foram as disponibilidades do calendário, a rentrée, mais do que a silly, ela própria, adquiriu já características de uma season, com direito a marca registada e calendário incontornável, Setembro (mas, registe-se: o seu sucesso é tal, que a rentrée começa a ganhar terreno, surgindo já, esplendorosa, por meados de Agosto!). Seja pela recém-descoberta e tão propalada síndrome pós-férias, seja porque o sol nos torrou a moleirinha, seja porque os furacões nos arrasam as férias caribeñas, seja porque São Pedro descarrega os desequilíbrios da andropausa brindando-nos, ora com incêndios infernais, ora com enxurradas monumentais, a verdade é que entramos Setembro com tal fúria para o disparate, que justificaria, terminado o mês, uma cura prolongada, num spa especializado. Admitamos, é assim pela caduca Europa, mas nós, como em tudo o que é pior, nunca deixamos os nossos créditos por mãos alheias, e exibimos, orgulhosamente, um honroso lugar cimeiro na tabela da patetice.
Ele é um ministro das finanças que, alarvemente, se regozija com taxas de crescimento arrasadoras para as expectativas mais sombrias que ainda conseguíamos ter; ela é uma ministra que passa, orgulhosa e ufana, sobre dezenas de milhar de profissionais sob a sua tutela, lançados para o desemprego porque as políticas para o sector têm sido cegas, desastradas e desconexas; eles são dois inenarráveis políticos profissionais, qual deles o mais inócuo e ineficaz opositor a este regime que nos sufoca, a degladiarem-se, como galarotes de combate, para chefiarem um partido em coma auto-induzido, tal é a força da crença que tem na rotatividade do ciclo político; eles são os fazedores de opinião que, interrompido o filão dos cães descobridores de cadáveres, se apressam a abocanhar o puto que vai às fêmeas de virtude duvidosa, e que depois, em crise absoluta de imaginação, não desdenham enlaçar os poucos centímetros dos bikinis da Diana Chaves nos(as) acompanhantes rotativos(as) da menina, que, à conta do olho para o negócio de alguns "profissionais" da informação, factura a galope entre as areias da Caparica e as piscinas in cá do burgo. Pelo meio de tanta silly desfaçatez pública, os assuntos mais sérios, e “privados” também têm a sua season: a Presidência da UE parou para férias, mas, nem assim, os atrasos nos importantes dossiers nacionais se recuperaram, que ministro também é gente e tem direito a molhar a pata, sem ser na poça em que, habitualmente, chafurda; os partidos da oposição, os sindicatos, os parceiros sociais e afins, não recuperaram da crise de incompetência crónica de que dão mostras, e aprestam-se a demonstrar eficácia “refrescando” os “trapinhos” com que abrilhantaram a passada season, enquanto que entre São Bento e Belém continuam a soprar os ventos de concórdia, que alguns teimam em querer ver estremecida por uns vetos da silly season, quando tudo não passou de um ensaio para o second life.
Terminada a descontracção da silly season, devidamente compreensível durante a mesma, eis-nos, por obra e graça da incontornável rentrée, regressados à season habitual, tão silly como a legítima, mas a exigir-nos ar mais sério e pose compenetrada, como se, de facto, acreditássemos que não estamos mais pobres, que a nossa economia não continua a patinar, que a educação não se mantém atolada no lamaçal que conhecemos, que a saúde já não está moribunda, que o governo não está apenas a propagandear a um ritmo alucinante, para disfarçar, que a oposição não se entretém a dançar o bolero de Ravel, para empatar, e que todos nós fazemos outra coisa que não seja esperar que o tempo vá passando, e que um milagre aconteça, livrando-nos deste triste fado. E assim, como valsinha em baile familiar, o ciclo do tempo cumprir-se-á: os dias correrão ao sabor da mediocridade do costume, inventar-se-ão factóides, mentirá o governo, assobiarão as oposições, nós adormeceremos e acordaremos entre novelas e futeboladas, ao som de inconsequentes apitos de várias cores, enquanto que uns, os que podem, encherão as contas bancárias, e o povinho empobrecerá cada vez mais. Mas, no pasa nada, que o tuga é fixe e acredita no Pai Natal. O milagre chegará um dia, sem dúvida, para cada um de nós, na sua hora, quando o fim da nossa aventura terrena nos livrar de todas as dificuldades e angústias. Até lá, há que sobreviver, se possível com algum humor, que a season está para durar, e mais silly do que nunca.
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