Uma das armas da governação assente na propaganda é a sua capacidade para “vender” os números como melhor lhe convém. As estatísticas? Bah! as nacionais “trabalham-se”, as internacionais lêem-se com lentes de aumentar, quando interessa, ou desvalorizam-se, por incompetência técnica de quem as produz, quando o sol é tanto que a peneira não o consegue tapar!
Três exemplos, engraçados, que nos caíram em cima, a reboque da actualidade, que parece teimar em querer desmentir os números, ou em sequência de relatórios pouco cómodos, para este acto da opereta que protagonizamos.
Uma vaga de assaltos a bancos, ourivesarias, correios, bombas de gasolina, residências e outros locais de interesse, na perspectiva da gatunagem, tem alarmado cá o burgo, que a governação quer sonâmbulo e domesticado. Vai daí, surgem os números (que, tal como o algodão do mordomo, não mentem!): “A criminalidade violenta participada à PSP e à GNR diminuiu 16,2 por cento no primeiro semestre de 2007 relativamente a igual período do ano anterior, segundo dados que o ministro da Administração Interna leva hoje ao Parlamento.”
Não conhecendo os dados do ministro, e acreditando que a notícia relevou o essencial, não deixo de reparar que o aumento da criminalidade registado em 2007 se situa nos crimes contra o património :" os crimes de extorsão (mais 38, 9 por cento), os roubos a tesourarias e estações dos correios (mais 33, 3 por cento), a motoristas de transportes públicos (mais 5,3 por cento), a coacção sobre funcionários (mais 5,2 por cento) e os assaltos a postos de combustível (mais 3,9 por cento)", pelo que a ligeira descida verificada na globalidade da actividade criminosa não me parece de embandeirar em arco. Em vez de um ministro todo contentinho com estes números, seria melhor saber que o governo faz a leitura crua e dura para que esta criminalidade remete, e actua em conformidade, prevenindo. Não é só cumprir o défice, reduzir despesa à custa de acabar com serviços e lançar pessoas para o desemprego, ignorar os custos sociais das medidas pouco sensatas e nada criteriosas de um governo que só sabe poupar à custa do essencial. Os resultados desta política cega começam a aparecer, e isto é só o princípio.
Outro exemplo, os incêndios. No ataque à devastação das chamas, o governo quer mostrar obra, o que não se leva a mal, embora eu preferisse que tivesse obra feita para mostrar, o que é bem diferente. Em plena época de fogos, terminada que parece estar a fase fria deste Verão do nosso descontentamento, com os fogos a surgirem às primeiras temperaturas de 30º, o governo apressa-se a vir informar-nos que: “Este ano registaram-se 7081 incêndios e fogachos, o que representa 38,6 por cento da média de 18.361 no período 2002-2006.” Hum! À primeira leitura respiramos de alívio, mas, depois, lembramo-nos que este Verão foi o menos quente dos últimos 20 anos e, já com a pulga atrás da orelha, passamos a desconfiar do porquê da comparação dos números deste ano com a média do período de 2002/2006. O relatório, visto a correr, não parece responder a isto, mas… Entretanto, e a parecer dar razão às nossas dúvidas, somos surpreendidos com a “eficiência” da prevenção aos incêndios com a informação de que “O sistema de televigilância do Parque Natural da Arrábida (Ciclope), criado em 2003 para prevenir os incêndios e garantir a manutenção da área protegida, está desactivado desde Maio devido a avarias em nove das dez câmaras de vídeo.” Ups! Lá se vai a propaganda por água abaixo!
Finalmente: a insuspeita OCDE veio dizer que o abandono escolar em Portugal não só não diminuiu, como subiu em 2006/07, situando-se muito perto dos 40%. Vai daí, a senhora ministra, que, convém não esquecer, além de irrascível, é uma especialista em malabarismos com números, apressou-se a vir desmentir o organismo internacional, dizendo que “a taxa de abandono escolar precoce diminuiu três por cento em relação ao ano passado, situando-se em 36,3%” e “manifestando-se confiante que essa percentagem chegue aos 30 por cento ou abaixo até 2010.” De onde tirou ela os números? é uma incógnita, mas acredito que seja uma “fezada” da senhora, tal como aquela que a inspira a apontar para uma redução da taxa até 2010, uma vez que não há, que se saiba, uma avaliação externa e independente, que permita retirar conclusões do aumento da oferta de cursos profissionais e de educação/formação, nomeadamente em termos de atracção de alunos e da sua manutenção no sistema. Se a fé é que nos salva, pois tenhamos fé nas “fezadas” desta ministra, já que números é com ela!
Três exemplos, engraçados, que nos caíram em cima, a reboque da actualidade, que parece teimar em querer desmentir os números, ou em sequência de relatórios pouco cómodos, para este acto da opereta que protagonizamos.
Uma vaga de assaltos a bancos, ourivesarias, correios, bombas de gasolina, residências e outros locais de interesse, na perspectiva da gatunagem, tem alarmado cá o burgo, que a governação quer sonâmbulo e domesticado. Vai daí, surgem os números (que, tal como o algodão do mordomo, não mentem!): “A criminalidade violenta participada à PSP e à GNR diminuiu 16,2 por cento no primeiro semestre de 2007 relativamente a igual período do ano anterior, segundo dados que o ministro da Administração Interna leva hoje ao Parlamento.”
Não conhecendo os dados do ministro, e acreditando que a notícia relevou o essencial, não deixo de reparar que o aumento da criminalidade registado em 2007 se situa nos crimes contra o património :" os crimes de extorsão (mais 38, 9 por cento), os roubos a tesourarias e estações dos correios (mais 33, 3 por cento), a motoristas de transportes públicos (mais 5,3 por cento), a coacção sobre funcionários (mais 5,2 por cento) e os assaltos a postos de combustível (mais 3,9 por cento)", pelo que a ligeira descida verificada na globalidade da actividade criminosa não me parece de embandeirar em arco. Em vez de um ministro todo contentinho com estes números, seria melhor saber que o governo faz a leitura crua e dura para que esta criminalidade remete, e actua em conformidade, prevenindo. Não é só cumprir o défice, reduzir despesa à custa de acabar com serviços e lançar pessoas para o desemprego, ignorar os custos sociais das medidas pouco sensatas e nada criteriosas de um governo que só sabe poupar à custa do essencial. Os resultados desta política cega começam a aparecer, e isto é só o princípio.
Outro exemplo, os incêndios. No ataque à devastação das chamas, o governo quer mostrar obra, o que não se leva a mal, embora eu preferisse que tivesse obra feita para mostrar, o que é bem diferente. Em plena época de fogos, terminada que parece estar a fase fria deste Verão do nosso descontentamento, com os fogos a surgirem às primeiras temperaturas de 30º, o governo apressa-se a vir informar-nos que: “Este ano registaram-se 7081 incêndios e fogachos, o que representa 38,6 por cento da média de 18.361 no período 2002-2006.” Hum! À primeira leitura respiramos de alívio, mas, depois, lembramo-nos que este Verão foi o menos quente dos últimos 20 anos e, já com a pulga atrás da orelha, passamos a desconfiar do porquê da comparação dos números deste ano com a média do período de 2002/2006. O relatório, visto a correr, não parece responder a isto, mas… Entretanto, e a parecer dar razão às nossas dúvidas, somos surpreendidos com a “eficiência” da prevenção aos incêndios com a informação de que “O sistema de televigilância do Parque Natural da Arrábida (Ciclope), criado em 2003 para prevenir os incêndios e garantir a manutenção da área protegida, está desactivado desde Maio devido a avarias em nove das dez câmaras de vídeo.” Ups! Lá se vai a propaganda por água abaixo!
Finalmente: a insuspeita OCDE veio dizer que o abandono escolar em Portugal não só não diminuiu, como subiu em 2006/07, situando-se muito perto dos 40%. Vai daí, a senhora ministra, que, convém não esquecer, além de irrascível, é uma especialista em malabarismos com números, apressou-se a vir desmentir o organismo internacional, dizendo que “a taxa de abandono escolar precoce diminuiu três por cento em relação ao ano passado, situando-se em 36,3%” e “manifestando-se confiante que essa percentagem chegue aos 30 por cento ou abaixo até 2010.” De onde tirou ela os números? é uma incógnita, mas acredito que seja uma “fezada” da senhora, tal como aquela que a inspira a apontar para uma redução da taxa até 2010, uma vez que não há, que se saiba, uma avaliação externa e independente, que permita retirar conclusões do aumento da oferta de cursos profissionais e de educação/formação, nomeadamente em termos de atracção de alunos e da sua manutenção no sistema. Se a fé é que nos salva, pois tenhamos fé nas “fezadas” desta ministra, já que números é com ela!
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