Por cá, discutiu-se, timidamente, o bullying; em Valência, debateu-se, com coragem, o espaço de convivência entre a família e a escola. Nos dois casos, ficaram patentes os dois vértices de um problema, que aflige um número crescente de alunos, desorganiza o espaço escolar e prejudica as aprendizagens - a indisciplina/violência em meio escolar e a falta de autoridade dos pais.
A percepção, pela sociedade e, sobretudo, pelos decisores políticos, de que a violência em meio escolar não pode ser desligada da responsabilização das famílias, ajudará as escolas a exigirem, e obterem, os meios adequados para poderem enfrentar, com uma razoável margem de sucesso, o problema.
A aceitação de que as questões associadas à violência em meio escolar requerem uma atitude de aberta e descomplexada abordagem, por todas as partes envolvidas no processo educativo, centrando no reforço da autoridade dos professores a solução para o problema, é já uma realidade na maioria dos países. Ora, também neste domínio, os professores portugueses estão seriamente prejudicados pelo discurso da tutela, que lhes mina a autoridade e lhes restringe a margem de actuação, enquanto, infelizmente, os representantes da classe se têm deixado encostar "às tábuas" da discussão do Estatuto (assim servindo os interesses desta ministra), ignorando a necessidade de dar visibilidade, e trazer ao debate público, esta questão, tão determinante para o bom funcionamento das escolas, quanto para um desempenho eficiente e eficaz da actividade docente.
1 comment:
a violência escolar não é só um problrema português. é um problema Ocidental, ou pelo menos, dos países desenvolvidos.
resulta em grande medida, do alargamento antinatural da entrada no mundo laboral dos jovens, "armazenados" em instituições escolares durante o maior período possível, de modo a retardar o problema do Desemprego entre os jovens.
é um problema também de quebra dos "rituais de passagem" dos jovens à Idade Adulta que garantem estabilidade emocional e psicológica nas ditas "sociedades primitivas"
mas é, sobretudo, o outro lado da factura de termos hoje pai e mãe trabalhando até tarde, deixando os filhos sózinhos em casa, ou com acrescentos de horas nos colégios, ou com os amigos, destruturando-os e dequadrando-os...
desprovidos de saídas profissionais, sem horizontes de curto prazo e sem objectivos de longo...
dão nisto.
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