O many gods, so many creeds,
So many paths that wind and wind,
While just the art of being kind
Is all the sad world needs.
Ella Wheeler Wilcox
«Por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las.» Bertrand Russell
Friday, August 28, 2009
Compromisso de verdade do PSD (III) - absens heres non erit
Com a educação, o compromisso de verdade do PSD compromete-se muito, mas talvez onde menos se esperaria, e onde talvez lhe seja mais difícil cumprir o prometido.
Tenho cá para mim que, naquela que foi a área mais desastrada, e contestada, do governo de Sócrates, aqueles que esperavam um sinal de esperança no programa eleitoral do PSD terão uma desilusão inicial. De facto, a primeira leitura promete pouco, mas quando se relê percebe-se que, afinal, o compromisso pode ser imenso, e significar a reviravolta necessária.
Esqueça-se a ladaínha esperada sobre a revisão dos estatutos do aluno e da carreira docente; ignore-se a questão do modelo de avaliação dos professores; são questões "fracturantes" e seria suicídio político o programa eleitoral não prever a sua reformulação/substituição/revisão, o que for. Com uma pitada de inteligência e de bom senso, não será difícil remediar os estragos, aproveitando o efeito de que, perante a catástrofe, qualquer pequena cedência/mudança/melhoria soará a vitória para a castigada e vilependiada classe docente, e "respirará" credibilidade para uma opinião pública cansada de guerras e desejosa de retorno à ordem. Estes não são, portanto, os compromissos que farão a diferença.
No que o PSD pode vir fazer a diferença, e aqui se compromete muito, é na promessa de um "progressivo alargamento da liberdade de escolha entre escolas da rede pública", associado à possibilidade de os agrupamentos poderem complementar um currículo mínimo nacional, ambos num quadro de diferentes formas de participação e de uma maior co-responsabilização dos encarregados de educação (chegando o "estímulo" destes ao condicionamento de certos apoios sociais do Estado). Se, a esta nova filosofia, se conseguir associar um investimento sério na disciplina e na ordem escolar, com o prometido reforço da imagem e do papel do professor, poderemos dizer que se começa a desenhar um novo olhar sobre o que a escola deve ser hoje, mas, sobretudo, o que terá de ser amanhã. A escola do futuro passa por aceitar que terá de haver escolas diferentes, com populações escolares diferenciadas, e que a igualdade de oportunidades não se resolve a pazadas de Magalhães.
Resta o óbvio - tudo dependerá de quem forem o(a) ministro(a) e secretários (as) de estado e da capacidade que estes tenham de efectuar a limpeza necessária nos gabinetes pejados de bonzos do eduquês, em que o ME se tornou. Só que essa questão mereceria um outro compromisso COM a verdade, e esse parece-me que nem MFL estará disposta (poderá?) a fazer.
Compromisso de verdade do PSD (II) - do que se diz ao que se faz
Não gostaria de ter que concordar com Marques Mendes nesta questão, mas qualquer programa eleitoral depende de quem venha a concretizá-lo. O compromisso de verdade do PSD não foge à regra. Mais do que aquilo a que nele se compromete o PSD, importaria saber em quem MFL pensa para serem os ministros das diferentes pastas. Assim, é só conversa. Boa conversa, conversa séria, sem dúvida, bem direccionada para as áreas mais castigadas pela desastrosa governação de Sócrates, mas, apesar das boas intenções enunciadas, fica-se por uma inteligente estratégia de ataque aos pontos fracos da actual governação, não inviabilizando a possibilidade de um eventual "casamento" pós-eleitoral com o PS. As coisas são o que são, e ainda não foi desta que se virou a mesa, ou, dizendo de outra forma, que se apresentou um compromisso COM a verdade.
Compromisso de verdade do PSD (I) - e fez-se luz
Manuela Ferreira Leite já marcou pontos, ao pôr o PS a promover a apresentação do compromisso de verdade do PSD. E não é pouca coisa, conseguir ter a bem oleada máquina de propaganda do partido socialista a manter o país suspenso do programa do PSD. O que parecia um erro fatal da senhora, acabou, afinal, por resultar em pleno. MFL sai do despique inteiramente vitoriosa - não cedeu um milímetro no seu timing, teve uma extraordinária atenção dos media e ainda conseguiu demonstrar que, com ela, a pirotecnia do verbo e os efeitos especiais da tecnologia acabaram onde acabam as cascas das laranjas, no lixo. Dada a adequada extensão do programa, e a forma exemplarmente simples como o mesmo foi apresentado, podemos mesmo concluir que, com MFL, podemos sempre esperar o que é relevante, o sumo. Se este será doce ou amargo, isso já é outra coisa.
Sunday, August 16, 2009
A utilidade da Parque Escolar, empresa pública
Que a recuperação das grandes escolas secundárias se impunha, sabe-se. Que, além das secundárias, muitas outras necessitavam, com urgência, de intervenções, ainda o sabem melhor os milhares de alunos e as centenas de professores que, ao longo de anos, sofreram a estudar e a trabalhar nesses locais inimagináveis. (E quantas destas continuam na mesma? Informem-se, que é significativo.)
Pelo estado em que se encontrava uma parte significativa do parque escolar, a criação da empresa pública e consequente retirada às DRE's de competência de obras no parque escolar tutelado pelo ME parecia, pois, justificar-se, e merecer os elogios que, a propósito, foram feitos à ministra.
Por aqui, compreendendo-se a necessidade que poderia justificar a medida, surpreendeu-nos o aparecimento dos milhões afectos à tarefa atribuída à Parque Escolar, quando até aí as DRE's se debatiam com sérios problemas para remendar uma simples caldeira numa escola, ou tinham que esmolar e regatear entre si PIDDAC para poderem acudir a necessidades prementes de edifícios antigos, ou para a construção de edifícios novos, mesmo quando as rupturas da rede escolar mais do que justificavam a construção destes. Como algumas DRE's tinham nos seus serviços arquitectos e engenheiros bastantes para os projectos e obras a realizar, também se compreendia que, com o aparecimento da Parque Escolar, se tivessem integrado alguns deles na empresa. Fomos esperando para ver, dando-se o benefício da dúvida, mas, entretanto, começaram a soar bocas de negociatas que o espartilho das DRE's não permitia fazer. Começava a encontrar-se explicação para a razão de ser e para o "sucesso" da Parque Escolar. Finalmente, que isto de eleições tem este efeito, os segredos começam a transpirar. Claro que vai dar em nada, como sempre. Ao menos, ficaram algumas escolas arranjadas, e uns quantos senhores mais ricos. É a vida, como dizia o outro (era engenheiro, claro!).
Friday, August 14, 2009
Suri Cruise
Afinal, Sócrates tem sentido de humor...
Se Sócrates tivesse um átomo do "panache" de Obama...
... estaria agora a beber umas cervejolas com o Rodrigo Moita de Deus nos jardins refrescantes da residência oficial, rindo-se da escalada da bandeira. Mas como de Obama, Sócrates tem nada, Deus presta contas na Judiciária. É o Estado de direito a funcionar. Aplauda-se a aplicação da lei, e registe-se como na CML manda gente séria.
Daqui por 7 anos a gente vê-se, Rodrigo.
Wednesday, August 05, 2009
Monday, August 03, 2009
E num tom professoral...
... os cartazes do PSD dão conselhos à governação. Ao PS? Ao PSD, sem Manuela Ferreira Leite? Se não é este o objectivo, é o que parece, e em política o que parece é. Mas que especialistas de marketing político foram esses que se esqueceram que uma primeira imagem é o que conta? Na organização dos cartazes, a frase: ouvimos os portugueses mal se lê a média distância, pelo que o que primeiro se retém é a mensagem das "gordas", dirigida pela líder do partido a terceiros. Nestes cartazes do PSD, a leitura imediata é a de uma professoral Manuela Ferreira Leite a dar sugestões de governação a outros. O PS decerto que agradece a subliminar mensagem.
Slow motion
Entretanto, ao que transparece das reuniões "secretas" que correm nos bastidores, no PSD a escolha dos eventuais futuros responsáveis para a educação passa pelo crivo habitual - os "coronéis" do aparelho. Para já, a liderança da corrida está determinadamente assumida pela tralha que Santana Lopes instalou na 5 de Outubro. Viu-se a "obra" que deixaram... A sorte foi terem tido tão pouco tempo, mas soube-lhes a pouco e preparam-se para voltar ao local do crime. Justificam-se os responsáveis pela falta de rigor e de vergonha - é à míngua de melhor, que Belém não abrirá mão dos seus recursos. É pena!
Uma aventura
Em período de eleições afinam-se as estratégias da caça ao voto, e Sócrates, o rei dos burlões, apressa-se a apresentar sangue novo para a educação. Fala-se em Isabel Alçada, para suceder a Maria de Lurdes Rodrigues. De aventuras tem ela experiência, da carreira docente do ensino não superior também. Serão "ferramentas" suficientes? Se a elas somar a arte e o engenho, já chegará para começo de conversa. Mas que o desafio é enorme, isso é.
Que maçada, ter razão antes do tempo!
Quando esta criatura aterrou no ME pouca foi a esperança que tive que trouxesse à educação mais do que ideias feitas sobre rancores antigos e velhos complexos de classe, bem amassados com a sua muito pessoal capacidade para desprezar a opinião alheia e a sua recorrente sobranceria e falta de "berço". A fúria contra a classe docente com que "arrancou" em funções trouxeram-lhe as loas dos que nisso viram a resposta ao que lhes era mais confortável aceitar como justificação para o instalado descalabro da educação - a incompetência, o laxismo e a má-vontade dos professores eram a "mãe" de todas as falhas e insucessos. Da esquerda à direita ergueram-se vozes a incensar a fera da 5 de Outubro, enquanto boa parte do país pensante e não pensante banhou as mãos na água de Pilatos, que o problema estava finalmente entregue, e, a ferro a fogo, a senhora resolveria o assunto. Cinco anos passados, a maior manifestação de que há memória, milhões distribuídos em Magalhães e afins, vemos no que deu - as escolas não estão melhor, os alunos continuam a ser péssimos, os professores nem estão vencidos, quanto mais convencidos, por baixo do véu de propaganda que enfeita cada medida tomada pela senhora tresanda a porcaria que a mesma é. É certo que se encheram uns quantos bolsos, criaram-se e reforçaram-se pequenos poderes, a teia de interesses mudou de dono, mas engordou, tudo pareceu mudar, e mudou, mas para pior. Finalmente, até Sócrates já passou a outra senhora, deixando cair, sem um assomo de apreço, tão medíocre criatura.
Por aqui, que já em 2005 lhe reconhecíamos a nulidade (e a malignidade balofa), cansámo-nos cedo de lhe apontar o ferro. Para quê, se o tempo nunca deixa de repor a verdade? Este erro de casting, que nunca deveria ter-se sentado na 5 de Outubro, nem para uma visita de estudo, sairá carregando mais quatro anos perdidos para a educação deste país. Essa é a verdade, como irão ver em breve os ingénuos, que ainda acham que algumas das coisas que esta pessoa fez na 5 de Outubro são aproveitáveis. Não são, e será bom que quem lhe suceda o perceba, mesmo antes de lhe herdar a cadeira.
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