Com a educação, o compromisso de verdade do PSD compromete-se muito, mas talvez onde menos se esperaria, e onde talvez lhe seja mais difícil cumprir o prometido.
Tenho cá para mim que, naquela que foi a área mais desastrada, e contestada, do governo de Sócrates, aqueles que esperavam um sinal de esperança no programa eleitoral do PSD terão uma desilusão inicial. De facto, a primeira leitura promete pouco, mas quando se relê percebe-se que, afinal, o compromisso pode ser imenso, e significar a reviravolta necessária.
Esqueça-se a ladaínha esperada sobre a revisão dos estatutos do aluno e da carreira docente; ignore-se a questão do modelo de avaliação dos professores; são questões "fracturantes" e seria suicídio político o programa eleitoral não prever a sua reformulação/substituição/revisão, o que for. Com uma pitada de inteligência e de bom senso, não será difícil remediar os estragos, aproveitando o efeito de que, perante a catástrofe, qualquer pequena cedência/mudança/melhoria soará a vitória para a castigada e vilependiada classe docente, e "respirará" credibilidade para uma opinião pública cansada de guerras e desejosa de retorno à ordem. Estes não são, portanto, os compromissos que farão a diferença.
No que o PSD pode vir fazer a diferença, e aqui se compromete muito, é na promessa de um "progressivo alargamento da liberdade de escolha entre escolas da rede pública", associado à possibilidade de os agrupamentos poderem complementar um currículo mínimo nacional, ambos num quadro de diferentes formas de participação e de uma maior co-responsabilização dos encarregados de educação (chegando o "estímulo" destes ao condicionamento de certos apoios sociais do Estado). Se, a esta nova filosofia, se conseguir associar um investimento sério na disciplina e na ordem escolar, com o prometido reforço da imagem e do papel do professor, poderemos dizer que se começa a desenhar um novo olhar sobre o que a escola deve ser hoje, mas, sobretudo, o que terá de ser amanhã. A escola do futuro passa por aceitar que terá de haver escolas diferentes, com populações escolares diferenciadas, e que a igualdade de oportunidades não se resolve a pazadas de Magalhães.
Resta o óbvio - tudo dependerá de quem forem o(a) ministro(a) e secretários (as) de estado e da capacidade que estes tenham de efectuar a limpeza necessária nos gabinetes pejados de bonzos do eduquês, em que o ME se tornou. Só que essa questão mereceria um outro compromisso COM a verdade, e esse parece-me que nem MFL estará disposta (poderá?) a fazer.
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