«Por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las.» Bertrand Russell
Thursday, July 31, 2008
Wednesday, July 30, 2008
Boa noite
Só nos olhos naufragados
estes poentes de sangue...
Só na carne rija e quente,
este desejo de vida!...
Alda Lara
estes poentes de sangue...
Só na carne rija e quente,
este desejo de vida!...
Alda Lara
A farsa do Teatro Nacional
Primeiro demitiu-se Diogo Infante do Maria Matos. Depois, o próprio deixou "escapar" o convite para dirigir o D. Maria II. Foi um sururu. Entretanto, o Presidente do CA então ainda em funções no Teatro Nacional, apanhado como as mulheres traídas, ficou a aguardar o pontapé no traseiro, que só chegou agora, pela surda, quando a "crise" já tinha amainado nos jornais.
Quando será que Diogo Infante avança para a boca de cena da nobre casa de espectáculos do Rossio?
A antiguidade não é um posto...
... pelo menos nas listas de espera para as cirurgias!
A ministra da saúde, sensatamente, recomenda a quem espera há mais de dois anos que contacte os serviços, porque o sistema propagandístico do governo não permite registos superiores a dois anos, e há que renovar a inscrição... A ministra só não disse se as famílias dos entretanto falecidos se podem candidatar a "apanhar" a vaga do ente querido!
Política da língua
A ministra da educação, e sus muchachos, têm ideias brilhantes, já sabíamos. São mesmo um sucesso tal, que Sócrates lhes vai enchendo os bolsos com milhões de euros. Pena é que tanto milhãozinho não chegue para manter acesa a chama do ensino do português no estrangeiro, mas como a brilhante senhora não consegue alinhavar uma ideia que seja sobre o assunto, vai daí e exige aos professores que asseguravam o ensino da nossa língua lá fora que regressem aos seus lugares nas escolas portuguesas. Devem ser insubstituíveis, digo eu.
E ainda há malandros que não reconhecem a bondade das medidas rodriguinhas da 5 de Outubro!
Thursday, July 24, 2008
Boa noite
São os teus olhos
desmesurados,
lagos enormes,
mas concentrados
nos meus sentidos.
Tudo o que é nosso
é excessivo.
(David Mourão Ferreira)
desmesurados,
lagos enormes,
mas concentrados
nos meus sentidos.
Tudo o que é nosso
é excessivo.
(David Mourão Ferreira)
Wednesday, July 23, 2008
Friday, July 11, 2008
Boa noite
O teu cheiro impregnado
no meu corpo
perfume raro que nem a chuva
leva de mim...
(Ademir Antônio Bacca)
no meu corpo
perfume raro que nem a chuva
leva de mim...
(Ademir Antônio Bacca)
Já há sumo!
I am a slave!
FARC Spa
Há um par de meses, uma parte do mundo emocionou-se com a imagem de uma Ingrid Betancourt que se dizia estar à beira da morte, prisioneira na selva colombiana. Meses depois do encenado drama, vendido ao mundo em belo efeito refém chic, eis que a senhora é bondianamente salva e submete às câmaras um look de fazer inveja a qualquer dondoca com milhares de horas de salão de beleza em cima. Boa pele, olhos brilhantes, sobrancelhas arranjadas, cabelo esticado, bem tratado, penteado originalmente. Se pensarmos que a senhora está nos seus quarenta e muitos anos, só podemos concluir que os anos de privações (?) na selva foram um autêntico tratamento de beleza.
As FARC devem é repensar a sua área de negócio e montar um spa na selva. Vai ser difícil gerir as listas de espera!
Estado da Nação. Que Nação?
É no Parlamento que Sócrates solta o animal feroz que tem em si. Observe-se a pose e a face, a raiva e o desprezo, o enfado da personagem.
Quanto à substância do discurso, tudo se resumiu ao anúncio da abertura da caça ao voto. O resto é conversa fiada. Apagados os holofotes, todos regressaram a casa com o sentido do dever cumprido. Como sempre, no circo da política.
O povo é que paga.
A bem da Nação!
Boa noite
Corpo de ânsia,
Flor de volúpia sem lei!
Não te apagues, sonho! mata-me
Como eu sonhei.
(José Régio)
Flor de volúpia sem lei!
Não te apagues, sonho! mata-me
Como eu sonhei.
(José Régio)
Não têm o que comer?
(E pensar que perdeu a Maria Antonieta a cabeça por causa de uns simples brioches!)
Sucesso a Matemática sobe nas estatísticas
Melhor dizendo, as negativas nos exames de matemática baixaram drasticamente.
Que a senhora ministra da educação é perita em produzir indicadores estatísticos convenientes, já se sabia. Que também fazia milagres, ficámos agora a saber. Os alunos agradecem, o país curva-se a tão distinto mérito. A qualidade dos exames é apenas um pormenor, que não nos deve distrair do bem maior, que é este estrondoso sucesso do governo.
Wednesday, July 09, 2008
Cracked rock
Carta a Anthrax (2)
Vamos, portanto, "cumbersar", se encontrarmos assunto que nos mereça esfolar as meninges. E por falar em haver, ou não haver assunto, não chego a conclusão brilhante. Por um lado, inundam-nos de notícias e mais notícias, mas até o mais amorfo dos cidadãos percebe a facticiedade da maioria delas. Claro que vão entretendo as hostes e iludindo todos: os incautos, porque julgam que as paredes são de vidro e que tudo se sabe; os mais calejados, porque sabem que atrás de cada notícia há um “filme” oculto, mas raramente conseguem perceber exactamente onde este começa e, sobretudo, como acaba. À conta desta produção noticiosa em larga escala alimentam-se os shares e a guerra das audiências faz e desfaz directores de informação escrita e audiovisual, contratados e demitidos à velocidade dos pontapés de Ronaldo, ou da aprendizagem de italiano básico do Mourinho.
Notícias não faltam, as mais desvairadas, tanto que acontece como aos miúdos que se empanturram de chocolate, fartam. Um enjoo. Veja, amigo Anthrax, como a saga do sai-Menezes-entra-Manuela rendeu rios de palavrosas nulidades, apesar do espartano silêncio da senhora, que, por ser silêncio em tempo de palavras ocas, logo foi confundido com vazio de ideias. Será? Não será? Com o tempo de vida que ela já leva, com o que já viu e já fez, ideias não devem faltar-lhe, podem é sobrar-lhe algumas que nem às paredes confessa. Faz ela bem, que os romances de mistério há muito que subiram nas tabelas de vendas, relegando para o mofo das prateleiras os romances de capa e espada, em que o Pedro (esse menino que brinca às guerrinhas de incubadoras) e o Júdice (o tubarão que deu às docas e se finou entre a Praça do Município e São Bento) são sempre personagens principais.
Entretidos que andamos com o som dos apitos futebolísticos, com as contratações milionárias, com a tristeza das bandeirinhas que murcharam na aventura austríaca dos rapazes da camisola, mais com o Ronaldo que não-se-sabe-para-onde-vai-depois-do-pé-tratado, com o Scolari que deu ao pé, com o governo a apitar ao Madaíl, com o Vale e Azevedo a não apitar em Londres, com tanta apitadela, nem demos pela magia de os incêndios terem deixado de apitar grosso na abertura dos noticiários, por os exames também terem apitado baixinho (apitadelas fáceis não têm graça!), por a CML dever ter apitado em mute para resolver os seus problemas financeiros, por aqueles tubarões da alta finança e da alta política que têm andado a apitar onde não deviam, enfim, até já conseguimos nós próprios apitar para o ar afinadinhos com o governo, enquanto andam para aí uns camionistas a fazer umas gincanas mais radicais, coitadinhos dos rapazes.
Apitadela para cá, apitadela para lá, apitou-se valentemente quando se percebeu que vem aí a D. crise, coitada da senhora, andava ela esfalfada de tanto mandar avisos de chegada, mas os rapazes do governo perderam o norte à coisa e foi um Deus-nos-acuda, quando deram por a senhora estar já a apitar entre nós. Com ela, veio esse ser diáfano e matreiro, a ameaça, com tudo e mais um pouco na bagagem, e fortes apitadelas tem a criatura merecido, a ponto de, por exagerada a dose da apitadela, já se começar a desconfiar que se tanto ladra, não morderá.
E se nós por cá não estamos como as apitadelas mostram e estamos como as apitadelas escondem, lá por fora não se apita melhor, nem pior, valham-nos os efeitos uniformizadores da globalização. Os irlandeses apitaram desafinados e mandaram-nos a todos ir brincar para casa do vizinho; os polacos, que acharam graça à desafinação, desafinaram também e decidiram logo que também querem apitar diferente do que já apitaram.
Notícias não faltam, as mais desvairadas, tanto que acontece como aos miúdos que se empanturram de chocolate, fartam. Um enjoo. Veja, amigo Anthrax, como a saga do sai-Menezes-entra-Manuela rendeu rios de palavrosas nulidades, apesar do espartano silêncio da senhora, que, por ser silêncio em tempo de palavras ocas, logo foi confundido com vazio de ideias. Será? Não será? Com o tempo de vida que ela já leva, com o que já viu e já fez, ideias não devem faltar-lhe, podem é sobrar-lhe algumas que nem às paredes confessa. Faz ela bem, que os romances de mistério há muito que subiram nas tabelas de vendas, relegando para o mofo das prateleiras os romances de capa e espada, em que o Pedro (esse menino que brinca às guerrinhas de incubadoras) e o Júdice (o tubarão que deu às docas e se finou entre a Praça do Município e São Bento) são sempre personagens principais.
Entretidos que andamos com o som dos apitos futebolísticos, com as contratações milionárias, com a tristeza das bandeirinhas que murcharam na aventura austríaca dos rapazes da camisola, mais com o Ronaldo que não-se-sabe-para-onde-vai-depois-do-pé-tratado, com o Scolari que deu ao pé, com o governo a apitar ao Madaíl, com o Vale e Azevedo a não apitar em Londres, com tanta apitadela, nem demos pela magia de os incêndios terem deixado de apitar grosso na abertura dos noticiários, por os exames também terem apitado baixinho (apitadelas fáceis não têm graça!), por a CML dever ter apitado em mute para resolver os seus problemas financeiros, por aqueles tubarões da alta finança e da alta política que têm andado a apitar onde não deviam, enfim, até já conseguimos nós próprios apitar para o ar afinadinhos com o governo, enquanto andam para aí uns camionistas a fazer umas gincanas mais radicais, coitadinhos dos rapazes.
Apitadela para cá, apitadela para lá, apitou-se valentemente quando se percebeu que vem aí a D. crise, coitada da senhora, andava ela esfalfada de tanto mandar avisos de chegada, mas os rapazes do governo perderam o norte à coisa e foi um Deus-nos-acuda, quando deram por a senhora estar já a apitar entre nós. Com ela, veio esse ser diáfano e matreiro, a ameaça, com tudo e mais um pouco na bagagem, e fortes apitadelas tem a criatura merecido, a ponto de, por exagerada a dose da apitadela, já se começar a desconfiar que se tanto ladra, não morderá.
E se nós por cá não estamos como as apitadelas mostram e estamos como as apitadelas escondem, lá por fora não se apita melhor, nem pior, valham-nos os efeitos uniformizadores da globalização. Os irlandeses apitaram desafinados e mandaram-nos a todos ir brincar para casa do vizinho; os polacos, que acharam graça à desafinação, desafinaram também e decidiram logo que também querem apitar diferente do que já apitaram.
Durão, o Barroso vai tentando manter o galinheiro em respeito, à força de melodiosas ou vigorosas apitadelas, maestro de um autêntico concerto polifónico, que ganharia aos pontos à mais inspirada das composições. A Bruni, melosa, vai apitando como pode e sabe, desviando as atenções do amor-perfeito que lhe calhou em sorte, e enquanto se apita ao decote exagerado da Merkl e às “noviças” do Berlusconi, os amigos do petróleo vão-nos mandando apitar baixinho, ou obrigam-nos a engolir um apito maior. Pelos states, a Hilária apitou tanto, mas tanto, que estragou o apito, e agora quem apita é o outro, que, tendo percebido que, nisto de apitadelas, não é quem mais apita que apita no fim, iniciou a era da apitadela selectiva, tão selectiva que até a Oprah, essa apitadora-mor, recebeu ordem de só apitar com guião aprovado previamente (a fazer fé no Jaime Silva, o apitador Obama é o coach de Sócrates para as legislativas de 2009, mas pode ser só uma apitadela despeitada do ministro marcelisticamente incompetente). Das profundezas das terras da coca saiu uma radiosa Ingrid Betancourt, a apitar alegremente, depois de seis anos de selva em que tinha tido que silenciar o apito (tinha?), e se o Chávez não apitou aqui o que queria, talvez tenha sido porque Uribe, entusiasmado com a apitadela do Rei de Espanha ao seu venezuelano colega, decidiu que chegou a hora de dar o ar da sua graça e apitou forte e eficazmente.
Como vê, amigo Anthrax, o crackdown hibernou, mas, enfastiado ou não, lá foi seguindo as apitadelas que os nossos diligentes servidores noticiosos nos vão disponibilizando, em doses impróprias para cardíacos, ou para gente que os leve a sério. E, se tal como a asneira, a apitadela é livre, pois por aqui me terá, sempre que uma apitadela mais descarada conseguir vencer esta preguiça imensa e me desafiar a voltar a transpor a barricada para o lado dos apitadores inconsequentes e descarados.
Parabéns a nós, meu querido amigo, que ao fim de quatro anos ainda sentimos este prazer mútuo de nos reencontrarmos “à volta” de uma boa apitadela! Vamos, então, a mais quatro anos?
Como vê, amigo Anthrax, o crackdown hibernou, mas, enfastiado ou não, lá foi seguindo as apitadelas que os nossos diligentes servidores noticiosos nos vão disponibilizando, em doses impróprias para cardíacos, ou para gente que os leve a sério. E, se tal como a asneira, a apitadela é livre, pois por aqui me terá, sempre que uma apitadela mais descarada conseguir vencer esta preguiça imensa e me desafiar a voltar a transpor a barricada para o lado dos apitadores inconsequentes e descarados.
Parabéns a nós, meu querido amigo, que ao fim de quatro anos ainda sentimos este prazer mútuo de nos reencontrarmos “à volta” de uma boa apitadela! Vamos, então, a mais quatro anos?
Carta a Anthrax (1)
Não é a primeira vez, e não será, decerto, a última, que o meu caríssimo amigo Anthrax me vem puxar pelas orelhas para voltar ao blog. É gesto de amigo, mas também está "obrigado" a essa tutela, ou não fosse ele o responsável pela existência do crackdown. Desta vez foi muito discreto e cauteloso (que a idade vai pesando para estes lados, e nunca se sabe…), só veio recordar-me o 4º aniversário deste velho caderninho de notas (muito) soltas, aniversário partilhado com o seu excelente e irreverente O Diário do Anthrax.
Quatro anos é, nos tempos que correm, uma enormidade de tempo para tudo, sobretudo para um não-projecto como este, afinal apenas uma experiência nascida da saudade de um parapeito, esse estreito e conivente companheiro das risadas e da má-língua, das confidências e “maquinações” estratégicas, esse permanente desafio a amesendar, fosse para os mais do que manhosos almoços rápidos, fosse para o mais refinado chá das cinco (das seis, das sete, sei lá!), fosse para o, então, reconfortante e aceite cigarrinho.
Pois é, meu querido amigo Anthrax, quatro anos é muito tempo, e o crackdown foi envelhecendo, engordando e ficando cada vez mais preguiçoso e mais amargo, talvez contrariado, mas mesmo assim acomodado a este amolecimento colectivo, que a socrática propaganda nos faculta, como benesse. A verdade é que, no empastelamento deste Portugal amordaçado pela maioria absoluta do PS, o crackdown acusou o extremo enfado dessa valsa de embala-o-pé, com que nos querem manter a rodopiar sem sair do mesmo sítio, esse faz-que-anda, faz-que-anda, faz-que-anda, mas que não nos leva a lado nenhum. Ou que leva, mas para o fundo, qual Titanic ao som da orquestra, enquanto nos querem convencidos de estar voando, em inovadora e bem-sucedida viagem pelo espaço sideral, onde cintilantes estrelas auguram um sucesso imenso e garantido.
Uma náusea, meu amigo, uma náusea! Se a esta acrescentar o peso das pequenas grandes coisas do dia-a-dia, encontra a razão para o crackdown já não constituir local de paragem obrigatória para este seu amigo vir confidenciar a ninguém, e a alguém, o que lhe vai arrepiando a coluna dorsal. O “bicho” só não morreu de morte matada por receio de ter que responder perante a liga de defesa destes animaizinhos blogosféricos.
Digamos, pois, que o crackdown hibernou, à maneira dos ursos, e dos velhos, que parou nesse estado semi-comatoso a que este nosso país condena aqueles que o SNS não consegue liquidar a tempo de não pesarem à segurança social, aqueles que teimam em ficar por cá, a maçarem os que acreditam que serão eternamente jovens, e os outros, esses seres iluminados que se governam a governar-nos.
Digamos, pois, que o crackdown hibernou, à maneira dos ursos, e dos velhos, que parou nesse estado semi-comatoso a que este nosso país condena aqueles que o SNS não consegue liquidar a tempo de não pesarem à segurança social, aqueles que teimam em ficar por cá, a maçarem os que acreditam que serão eternamente jovens, e os outros, esses seres iluminados que se governam a governar-nos.
Mas, meu amigo Anthrax, como até os ursos acordam, e como os velhos teimam em andar por cá, também o velho crackdown se manteve, e manterá, em estado vegetativo, de que irá despertando de vez em quando, as mais das vezes por obra e graça da sua atenção e desafio, como agora, como sempre.
Vamos, então, pôr a conversa em dia?
Vamos, então, pôr a conversa em dia?
Subscribe to:
Posts (Atom)