O partido socialista só se escandaliza com os milhões orçamentados para as deslocações do governo, quando não está no governo. Perdida a vergonha, e lançados os ministros de Sócrates em passeatas por esse mundo fora, hábito consolidado com este semestre de presidência, que tudo justificou e desculpou, eis a surpresa para 2008 - um aumento de 18,8% nas verbas para viagens e deslocações, um total previsto de 61,6 milhões de euros!
Para um país a braços com uma situação económica desconfortável, a predisposição deste governo para a passeata à conta do contribuinte é notável, pela falta de vergonha que representa.
Num arrobo de caridade cristã, e procurando deixar de lado a eventual demagogia a que uma leitura simplista nos pode conduzir, logo pensei que o aumento se justificaria porque o MNE teria um pesado follow up da presidência portuguesa, ou porque decidiu resolver as situações que tanto nos têm envergonhado, com a falta de recursos das nossas representações diplomáticas. Pasmei quando percebi que não é nada disso, que o big spender é o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior! Bem gostaria eu de perceber as boas razões para tal, mas, pelo que conheço da casa (e não é muito, registe-se) só consigo perceber tão chorudo fundo turístico pelas péssimas razões. Num ministério em que alguns organismos nem têm dinheiro para coisas tão básicas como comprar papel, toner, canetas, envelopes, mas em que os seus dirigentes passam a quase totalidade do seu tempo em reuniões, congressos e eventos vários no estrangeiro, não é difícil perceber a prioridade (e a irresponsabilidade) do governante. Se ainda se vissem resultados, até poderíamos aceitar as idiossincrasias ministeriais, mas é fácil comprovar que neste ministério nem o pai morre nem a gente almoça!
Estando Portugal tão bem colocado no ranking do e-government, não lembrou a ninguém substituir umas viagens por comunicações à distância? Sempre saía mais barato, e caía bem ao sacrificado contribuinte! Não é só andar a distribuir computadores pelas escolas, senhor Engenheiro Pinto de Sousa, é pôr em prática o que apregoa!
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