Leio, aqui, que o "Ministério das Finanças anunciou ao início da noite que a Comissão de Revisão do Sistema de Carreiras e Remunerações (CRSCR) dos funcionários da administração pública cessou funções". Se a notícia não me surpreendeu, em contrapartida há um quebra-cabeças (só quebrará a minha, por certo...) que me vem ocupando, nas últimas semanas - por que estranhíssima razão estão os serviços da Administração Pública a providenciar caríssimas formações aos seus funcionários, num momento em que a incógnita sobre a reestruturação orgânica se mantém, em que cresce o ruído sobre o contingente de excedentários que se irá constituir e em que a quase generalidade dos organismos vê os seus orçamentos emagrecer de tal forma que, se fossem modelos, não poderiam desfilar em Madrid.
Admito, andava aqui com uma pulga atrás da orelha, o que me levou a investigar as possíveis causas para a súbita fúria formadora que varre a AP, e, como quem procura encontra, julgo ter descoberto uma razão pertinente. Pode não estar "cientificamente" comprovada, mas que tem pernas para andar, isso tem. Vejamos o que se encontrou: 1º - as acções de formação abrangem um "catálogo" tão exaustivo, que não haverá funcionário que não encontre pelo menos uma acção que não se adapte às funções que exerce; 2º - os diferentes organismos estarão a candidatar praticamente TODOS os seus funcionários a duas acções de formação; 3º - as secretarias-gerais dos diferentes ministérios estão a seleccionar um número anormalmente elevado de funcionários propostos pelos organismos para acções de formação, independentemente de serem estes oriundos de serviços extintos, de acordo com o PRACE; 4º - a formação não está a ser efectuada com recurso à prata da casa, antes é levada a efeito por empresas privadas de formação e consultoria; 5º - no conteúdo das formações não é difícil encontrar um "alinhamento" muito nítido com o discurso governamental sobre os males que este identifica no funcionalismo, a que se soma uma indisfarçável colagem às soluções preconizadas pelo executivo para o saneamento e modernização do sector. Constou-me, até, que algumas dessas sessões de formação têm sido tão "animadas", que começa a transpirar o mal-estar de alguns que a elas assistem.
Portanto, tenho cá para mim que haveria por aí uns amigalhaços que estavam a precisar de ganhar uma pipa de massa, que deveria haver uns sacos azuis perdidos por umas gavetas dos ministérios, que se resolveu juntar o útil ao agradável e, já que estavam com a mão na massa, decidiram aproveitar para amestrar os funcionários, repetindo-lhes, à exaustão, a teoria de que aqueles que não estão com a "reforma" estão contra ela, e que, a bem da nação, há que praticar uma excisão profilática, para que se possa garantir a "pureza" da espécie... (o outro senhor começou assim e acabou a queimar o que sabemos)
A conclusão será abusiva? Talvez, talvez...
2 comments:
sabendo como é portugal..não está mal visto.não me supreenderia nada...
Caro Menino Mau
Como diz o Medina Carreira, em termos de desenvolvimento,Portugal está entre a África e a Europa, mas mais próximo daquela do que do velho continente. Fica tudo explicado, parece-me
Post a Comment