Monday, September 25, 2006

Antologia

Eremitério
mais nada se move em cima do papel
nenhum olho de tinta iridescente pressagia
o destino deste corpo
os dedos cintilam no húmus da terra
e eu
indiferente à sonolência da língua
ouço o eco do amor há muito soterrado
encosto a cabeça na luz e tudo esqueço
no interior dessa ânfora alucinada
desço com a lentidão ruiva das feras
ao nervo onde a boca procura o sul
e os lugares dantes povoados
ah meu amigo
demoraste tanto a voltar dessa viagem
o mar subiu ao degrau das manhãs idosas
inundou o corpo quebrado pela serena desilusão
assim me habituei a morrer sem ti
com uma esferográfica cravada no coração .
Al Berto

3 comments:

João Melo said...

e subscrevo as palavras sempre sabias do dr pc...

crack said...

Caro Pinto Cardão,a generosidade dos melhores enobrece mais os que a praticam, do que aqueles que dela são objecto. Agradeço as suas mais do que amáveis palavras, sobretudo porque a sua passagem por aqui é um poderoso estímulo.
;)

crack said...

Caro Menino Mau, vê-lo por aqui é um desafio, agora ainda maior, depois desta sua amabilidade. Volte sempre.
;)