Esta conversa sobre o Pedrito faz-me lembrar aqueles cocktails muito frescos, leves e borbulhantes, que os incautos emborcam deliciados, mas que quase os deixam em coma alcoólico, sem terem tido sequer tempo de perceber no que se metiam.
O homem é o que é, a sua vida um livro (para adultos) aberto, recheado de cinhas e jardins proibidos, com um passado de arremetidas políticas, mais ou menos consistentes, mas algo não podemos negar – é um Político (talvez o único, depois de Mário Soares – ai, João, que tanto tu querias ser assim!).
Nasceram-lhe os dentes e as garras na quadrilhice partidária, afiou a língua em milhares de debates truculentos, modelou a pose e o gesto em inúmeras e solitárias batalhas partidárias, refinou-se na antecâmara de cobiçados lugares, em suma, passou os últimos trinta anos na ribalta, observando, aprendendo, jogando, sobrevivendo. Fez-se, sem dúvida, o mais equipado político dos políticos portugueses da nova geração. Capaz de, em tiradas de estilo, alcançar o que à partida, todos assumem como inalcançável.
Balofo? Há quem o diga! Incompetente? E quem lhe conhece os objectivos, para saber se os alcançou, ou não? Não ganhou nunca um Congresso do PSD. Não mesmo? Veja-se o xadrez do partido após o último congresso e diga-se, com rigor, a quem o PSD está entregue. Estratégia da aranha? Talvez, mas isso não contradiz o perfil do rapaz? Ou não será este tão irreflectido como faz crer?
Os barões do partido não consideram compatível (por conveniência própria?) sentido de estado com frontalidade, irreverência com determinação política. Sobram os interesses pessoais colocados acima dos do partido, de que tanto o acusam. Esquecem-se os barões de que só não fazem o mesmo porque não podem, ou fazem-no à sua medida, e não se nota!
Se o Pedrito não fosse tão perigoso para os anseios da esquerda, não estariam tantos tão preocupados em exigir as eleições que vamos ter.
Só é pena que assim nunca fiquemos a saber se ele dava cabo disto tudo, ou não. Talvez desse, efectivamente, mas não sendo ele será, como sabemos, esta triste esquerda a que temos direito.
1 comment:
Excelente texto!
«Eu apoio o Santana!»
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