Parabéns selecção!
«Por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las.» Bertrand Russell
Wednesday, June 30, 2004
Pedro e o Lobo
Esta conversa sobre o Pedrito faz-me lembrar aqueles cocktails muito frescos, leves e borbulhantes, que os incautos emborcam deliciados, mas que quase os deixam em coma alcoólico, sem terem tido sequer tempo de perceber no que se metiam.
O homem é o que é, a sua vida um livro (para adultos) aberto, recheado de cinhas e jardins proibidos, com um passado de arremetidas políticas, mais ou menos consistentes, mas algo não podemos negar – é um Político (talvez o único, depois de Mário Soares – ai, João, que tanto tu querias ser assim!).
Nasceram-lhe os dentes e as garras na quadrilhice partidária, afiou a língua em milhares de debates truculentos, modelou a pose e o gesto em inúmeras e solitárias batalhas partidárias, refinou-se na antecâmara de cobiçados lugares, em suma, passou os últimos trinta anos na ribalta, observando, aprendendo, jogando, sobrevivendo. Fez-se, sem dúvida, o mais equipado político dos políticos portugueses da nova geração. Capaz de, em tiradas de estilo, alcançar o que à partida, todos assumem como inalcançável.
Balofo? Há quem o diga! Incompetente? E quem lhe conhece os objectivos, para saber se os alcançou, ou não? Não ganhou nunca um Congresso do PSD. Não mesmo? Veja-se o xadrez do partido após o último congresso e diga-se, com rigor, a quem o PSD está entregue. Estratégia da aranha? Talvez, mas isso não contradiz o perfil do rapaz? Ou não será este tão irreflectido como faz crer?
Os barões do partido não consideram compatível (por conveniência própria?) sentido de estado com frontalidade, irreverência com determinação política. Sobram os interesses pessoais colocados acima dos do partido, de que tanto o acusam. Esquecem-se os barões de que só não fazem o mesmo porque não podem, ou fazem-no à sua medida, e não se nota!
Se o Pedrito não fosse tão perigoso para os anseios da esquerda, não estariam tantos tão preocupados em exigir as eleições que vamos ter.
Só é pena que assim nunca fiquemos a saber se ele dava cabo disto tudo, ou não. Talvez desse, efectivamente, mas não sendo ele será, como sabemos, esta triste esquerda a que temos direito.
O homem é o que é, a sua vida um livro (para adultos) aberto, recheado de cinhas e jardins proibidos, com um passado de arremetidas políticas, mais ou menos consistentes, mas algo não podemos negar – é um Político (talvez o único, depois de Mário Soares – ai, João, que tanto tu querias ser assim!).
Nasceram-lhe os dentes e as garras na quadrilhice partidária, afiou a língua em milhares de debates truculentos, modelou a pose e o gesto em inúmeras e solitárias batalhas partidárias, refinou-se na antecâmara de cobiçados lugares, em suma, passou os últimos trinta anos na ribalta, observando, aprendendo, jogando, sobrevivendo. Fez-se, sem dúvida, o mais equipado político dos políticos portugueses da nova geração. Capaz de, em tiradas de estilo, alcançar o que à partida, todos assumem como inalcançável.
Balofo? Há quem o diga! Incompetente? E quem lhe conhece os objectivos, para saber se os alcançou, ou não? Não ganhou nunca um Congresso do PSD. Não mesmo? Veja-se o xadrez do partido após o último congresso e diga-se, com rigor, a quem o PSD está entregue. Estratégia da aranha? Talvez, mas isso não contradiz o perfil do rapaz? Ou não será este tão irreflectido como faz crer?
Os barões do partido não consideram compatível (por conveniência própria?) sentido de estado com frontalidade, irreverência com determinação política. Sobram os interesses pessoais colocados acima dos do partido, de que tanto o acusam. Esquecem-se os barões de que só não fazem o mesmo porque não podem, ou fazem-no à sua medida, e não se nota!
Se o Pedrito não fosse tão perigoso para os anseios da esquerda, não estariam tantos tão preocupados em exigir as eleições que vamos ter.
Só é pena que assim nunca fiquemos a saber se ele dava cabo disto tudo, ou não. Talvez desse, efectivamente, mas não sendo ele será, como sabemos, esta triste esquerda a que temos direito.
Monday, June 28, 2004
Entrando na dança...
A música é pimba, mas o povoléu agita a bunda, esfalfa-se em passos e contrapassos, confiante que do seu volteio dependerá o sucesso da romaria. Será?
Siga o baile, bailadores à pista!
Siga o baile, bailadores à pista!
Saturday, June 26, 2004
Retratos de família
O tio Eduardo, de semelhança gemelar com o seu grande amigo Eça, talvez por isso cultivou na família o estatuto de intelectual sofredor e bafiento. Com Eça subia o Chiado, à sombra deste cortejava mundanas e roliças mulheres casadas, estroinava em bebedeiras monumentais. Noites de copos e mulheres arruinaram-lhe os pulmões (chic, tossicava para lenços femininos), boa parte da fortuna do pai e (quase toda) da mulher. O menino escrevia, era jornalista; coitado, em vida nunca deu à estampa «obra» e o jornal, a pedido de amigos da família, emprestava-lhe uma mesa para escrevinhar perfumados bilhetes às amantes. Morreu novo, do coração. No escritório ficaram rolos de escritos pueris, que andaram anos pelas arcas da família, até que Otelinda, a criada da quinta, em dia de limpeza geral lhes deu sumiço. Deixou viúva nova, que num casamento feliz esqueceu depressa o presumível inspirador de uma qualquer personagem queirosiana, e a prima Alice, querubim loiro e angélico com lugar próprio na história da família.
Da vitória de Portugal rezam as gargantas roucas, os ritmos cardíacos não totalmente refeitos, o contentamento maior, porque surpreso.
Para o próximo jogo, suspende-se a respiração, fazem-se figas, ou apoiam-se no terceiro F, talvez nem só os que têm o dom da fé.
A maior satisfação deste europeu - os franceses comeram a relva que a Grécia lhes serviu.
Para o próximo jogo, suspende-se a respiração, fazem-se figas, ou apoiam-se no terceiro F, talvez nem só os que têm o dom da fé.
A maior satisfação deste europeu - os franceses comeram a relva que a Grécia lhes serviu.
Friday, June 25, 2004
Monday, June 21, 2004
Frase do rescaldo
Alguém disse num dos canais de televisão, a propósito da vitória de Portugal, que a mesma se devia ao facto de Scolari ter ouvido a vontade do povo e ter mexido na equipa, em conformidade.
Ingénua, ou não, a frase permite a extrapolação política a quem a queira fazer - imagine-se o contentamento de Ferro Rodrigues e a dor de cabeça de Durão Barroso (para a qual não há «aspirina» possível, segundo VPC).
Ingénua, ou não, a frase permite a extrapolação política a quem a queira fazer - imagine-se o contentamento de Ferro Rodrigues e a dor de cabeça de Durão Barroso (para a qual não há «aspirina» possível, segundo VPC).
Entusiasmo
De Durão Barroso, pulando, rindo e gesticulando, completamente eufórico, na bancada presidencial.
Genuíno, o seu entusiasmo alargou-se ao quebrar da pose de Estado e soube-nos bem ver um Primeiro-Ministro vibrar assim.
Entre bandeiras e pulos do PM, com um comentador de luxo a render-se à euforia geral, parecemos menos sorumbáticos e cinzentões. Façamos figas!
Genuíno, o seu entusiasmo alargou-se ao quebrar da pose de Estado e soube-nos bem ver um Primeiro-Ministro vibrar assim.
Entre bandeiras e pulos do PM, com um comentador de luxo a render-se à euforia geral, parecemos menos sorumbáticos e cinzentões. Façamos figas!
Embandeirando
Um jornal referia, há dias, os ministros que sim, ou não, tinham a bandeira nacional à janela. Mais do que satisfação à curiosidade popular, estava subjacente uma chamada de atenção aos «faltosos», mais expostos por esta avalanche de sentido pátrio em crescendo.
Por falar em crescendo, mereceria uma tese a análise sociológica do embandeiramento galopante a que temos assistido; primeiro poucas e tímidas, nos bairros mais populares, depois, decididas e orgulhosas (em tamanho e qualidade), as bandeiras ganharam as avenidas, as novas urbanizações da classe média alta, conquistaram Estoril e Cascais, instalaram-se na Lapa. A vitória sobre a Russia e a oferta do Expresso contribuiram, mas não explicam tudo. Alguém estudará o fenómeno, esperemos apenas que não o faça com tal pedantismo que mate à nascença aquilo de que não nos devemos envergonhar - sermos um povo que sente e vibra com aquilo que é seu.
Por falar em crescendo, mereceria uma tese a análise sociológica do embandeiramento galopante a que temos assistido; primeiro poucas e tímidas, nos bairros mais populares, depois, decididas e orgulhosas (em tamanho e qualidade), as bandeiras ganharam as avenidas, as novas urbanizações da classe média alta, conquistaram Estoril e Cascais, instalaram-se na Lapa. A vitória sobre a Russia e a oferta do Expresso contribuiram, mas não explicam tudo. Alguém estudará o fenómeno, esperemos apenas que não o faça com tal pedantismo que mate à nascença aquilo de que não nos devemos envergonhar - sermos um povo que sente e vibra com aquilo que é seu.
Tuesday, June 15, 2004
E lá ganhámos...
Agora, passada a euforia, podemos admitir - poucos de nós acreditavam, mesmo, que Portugal venceria a Espanha.
Foi bom jogo, foi sorte, foi o Nuno Gomes (um golo fantástico), foram a raiva e a alma portuguesas lançadas para a frente, animadas pela memória daquela celebérrima pá da valorosa padeira de outros tempos.
Festejou-se, rijamente, Portugal em festa do Minho ao Algarve, como devia e convinha.
Agora, chega o perigo maior - o nosso contentamento e o sentir do dever cumprido; neste espírito, bem português, do pobrezinho, pequenino, honradinho, acomodadinho com o bocadinho...
Scolari tem, nisto, o seu maior adversário; conseguir incutir nos nossos homens o killer instinct necessário, mas este não está na porteguesinha natureza, a não ser em situações limite.
Foi bom jogo, foi sorte, foi o Nuno Gomes (um golo fantástico), foram a raiva e a alma portuguesas lançadas para a frente, animadas pela memória daquela celebérrima pá da valorosa padeira de outros tempos.
Festejou-se, rijamente, Portugal em festa do Minho ao Algarve, como devia e convinha.
Agora, chega o perigo maior - o nosso contentamento e o sentir do dever cumprido; neste espírito, bem português, do pobrezinho, pequenino, honradinho, acomodadinho com o bocadinho...
Scolari tem, nisto, o seu maior adversário; conseguir incutir nos nossos homens o killer instinct necessário, mas este não está na porteguesinha natureza, a não ser em situações limite.
Charlote de queijo e morangos
Esta Charlotte, leve e «fresca», é a aliança perfeita dos paladares contrastantes, que fazem a sua graça.
Ingredientes:
6 folhas de gelatina branca
4 colheres (sopa) de sumo de limão
500g de queijo fresco
1 vagem de baunilha
140g de açúcar
1 e 1/2 embalagens de natas
250g de morangos
1 torta com recheio de morango
Hidrata a gelatina em água gelada, mas derrete-a com sumo de limão a ferver. Bate o queijo, energicamente, mas logo lhe junta a gelatina, as sementes de baunilha e o açúcar... As natas são sovadas até ficarem firmes, mas é com movimentos envolventes, para evitar que percam o volume, que as adiciona ao queijo. Tritura os morangos com o açúcar, juntando-lhes, suavemente, a gelatina.
É torta,que se monta em coroa, para logo se rechear com o creme de queijo e de morango. Guarda-se muito fria, mas serve-se à temperatura ambiente.
Sugestão: Carregar no limão pode não ser, sempre, a melhor opção. Juntar chocolate derretido ao creme de queijo, pelo contrário, excita o paladar mais exigente.
Ingredientes:
6 folhas de gelatina branca
4 colheres (sopa) de sumo de limão
500g de queijo fresco
1 vagem de baunilha
140g de açúcar
1 e 1/2 embalagens de natas
250g de morangos
1 torta com recheio de morango
Hidrata a gelatina em água gelada, mas derrete-a com sumo de limão a ferver. Bate o queijo, energicamente, mas logo lhe junta a gelatina, as sementes de baunilha e o açúcar... As natas são sovadas até ficarem firmes, mas é com movimentos envolventes, para evitar que percam o volume, que as adiciona ao queijo. Tritura os morangos com o açúcar, juntando-lhes, suavemente, a gelatina.
É torta,que se monta em coroa, para logo se rechear com o creme de queijo e de morango. Guarda-se muito fria, mas serve-se à temperatura ambiente.
Sugestão: Carregar no limão pode não ser, sempre, a melhor opção. Juntar chocolate derretido ao creme de queijo, pelo contrário, excita o paladar mais exigente.
Monday, June 14, 2004
“se queres ver um pobre soberbo, dá-lhe a chave de um palheiro.”
A melhor frase aplicada a este rescaldo eleitoral.
«The little lives of earth and form...»
Há surpresas, em dia de ressaca desportivo-eleitoral.
Uns, não estão tão deprimidos como se esperaria que estivessem; outros, não tão eufóricos quanto a nossa (má) memória fazia antever.
A ver vamos, no que dá este comedido pós.
No entretanto, descobre-se Philip Larkin num blog habitual e, a propósito, vem-nos à lembrança que o poeta também escreveu:
Words as plain as hen-birds' wings
Do not lie,
Do not over-broider things -
Are too shy.
Thoughts that shuffle round like pence
Through each reign,
Wear down to their simplest sense
Yet remain.
Weeds are not supposed to grow
But by degrees
Some achieve a flower, although
No one sees.
Uns, não estão tão deprimidos como se esperaria que estivessem; outros, não tão eufóricos quanto a nossa (má) memória fazia antever.
A ver vamos, no que dá este comedido pós.
No entretanto, descobre-se Philip Larkin num blog habitual e, a propósito, vem-nos à lembrança que o poeta também escreveu:
Words as plain as hen-birds' wings
Do not lie,
Do not over-broider things -
Are too shy.
Thoughts that shuffle round like pence
Through each reign,
Wear down to their simplest sense
Yet remain.
Weeds are not supposed to grow
But by degrees
Some achieve a flower, although
No one sees.
Friday, June 11, 2004
Retratos de família
Maria de Fátima viveu pouco e morreu bela, mas não feliz.
Quinze aninhos ceifados na dor do segundo parto, a parir o fruto de amor clandestino; inocente criança seduzida à força pelo galante e poderoso senhor da terrinha perdida nos montes. Vestiram-na de noiva, que nunca foi, num caixão pobre, que o pai, já demasiado velho, enterrou com a neta de dois anos agarrada às pernas. Ficaram-lhe as meninas e a memória da filha, criança alegre e amorosa, mulher prematura e infeliz. Memória com que criou as miúdas, tão forte que Maria de Fátima, que as filhas nem conheceram, está ainda presente na quarta geração dos seus descendentes pelas graças, pelo verso solto, pela cantiga incompleta. Havia, também, dois ou três brinquedos, mas perderam-se há muito no meio dos brinquedos das crianças da família.
Tarde cai a tarde
E a sombra vem andando pelo chão
Tarde cai a tarde
E a saudade
Também cai no coração
Pois alguém foi embora e não voltou
E outro alguém tão sozinho aqui chorou
Tarde cai a tarde
Cai o pranto dos meus olhos sem amor
Vento sopra vento
Levantando a poeirada pelo chão
Vento sopra vento
Sopra forte dentro do meu coração
Folha seca você já carregou
Então leva a saudade que ficou
Tarde cai a tarde
Cai a tarde na minha vida sem amor
Tarde cai a tarde
Cai a tarde na minha vida sem amor
António Carlos Jobim
Quinze aninhos ceifados na dor do segundo parto, a parir o fruto de amor clandestino; inocente criança seduzida à força pelo galante e poderoso senhor da terrinha perdida nos montes. Vestiram-na de noiva, que nunca foi, num caixão pobre, que o pai, já demasiado velho, enterrou com a neta de dois anos agarrada às pernas. Ficaram-lhe as meninas e a memória da filha, criança alegre e amorosa, mulher prematura e infeliz. Memória com que criou as miúdas, tão forte que Maria de Fátima, que as filhas nem conheceram, está ainda presente na quarta geração dos seus descendentes pelas graças, pelo verso solto, pela cantiga incompleta. Havia, também, dois ou três brinquedos, mas perderam-se há muito no meio dos brinquedos das crianças da família.
Tarde cai a tarde
E a sombra vem andando pelo chão
Tarde cai a tarde
E a saudade
Também cai no coração
Pois alguém foi embora e não voltou
E outro alguém tão sozinho aqui chorou
Tarde cai a tarde
Cai o pranto dos meus olhos sem amor
Vento sopra vento
Levantando a poeirada pelo chão
Vento sopra vento
Sopra forte dentro do meu coração
Folha seca você já carregou
Então leva a saudade que ficou
Tarde cai a tarde
Cai a tarde na minha vida sem amor
Tarde cai a tarde
Cai a tarde na minha vida sem amor
António Carlos Jobim
Thursday, June 10, 2004
"Você fica eternamente responsável pelo que cativa"
rititi. Um grande blog.Uma escrita urbana, moderna, acordada. Uma escrita de uma mulher-macho, ou de um macho-mulher, pouco importa. Sem dúvida, uma escrita no feminino. A não perder.
Wednesday, June 09, 2004
Esta morte brutal, por repentina, deixa-nos todos à procura do sentimento certo e da palavra correcta.
Dado o «tremendismo» do senhor, escudam-se as vozes no perfil académico, no percurso cívico do serviço à democracia e ao Estado, na competência técnica. É seguro e cai bem.
Esquecem-se as inconveniências de quem nunca cedeu ao politicamente correcto, deixam-se no esquecimento as deambulações partidárias (ou a independência ao serviço de?), ignoram-se a inflexibilidade, o mau feitio e o culto do rancor de que, tão frequentemente, o acusavam os «sobreviventes» habituais da nossa arena política, especialistas na pirueta do oportunismo militante. Percebe-se esta atitude, dada a santidade instantânea que a morte confere aqueles que, em vida, nunca abdicaram de si.
Morreu Sousa Franco, paz à sua alma, condolências à sua família e a este país, a quem Homens assim fazem falta, militem em que partido for, porque já não sobram muitos da mesma estirpe, e todos são poucos para nos tirar da mediocridade e do marasmo.
Esteve muito bem Durão Barroso, que evocou o valor da vida; e Deus Pinheiro, que chorou o homem e o amigo.
Partilhemos, com eles e com todos os outros, o choque e a fúria desta perda, mas não esqueçamos Sousa Franco, com o bom e o menos bom de si que teve a coragem de partilhar connosco.
Santificá-lo, adoçar-lhe os traços, será uma forma de lhe diminuir o valor; e ele não gostaria, por não lhe estar na natureza.
Dado o «tremendismo» do senhor, escudam-se as vozes no perfil académico, no percurso cívico do serviço à democracia e ao Estado, na competência técnica. É seguro e cai bem.
Esquecem-se as inconveniências de quem nunca cedeu ao politicamente correcto, deixam-se no esquecimento as deambulações partidárias (ou a independência ao serviço de?), ignoram-se a inflexibilidade, o mau feitio e o culto do rancor de que, tão frequentemente, o acusavam os «sobreviventes» habituais da nossa arena política, especialistas na pirueta do oportunismo militante. Percebe-se esta atitude, dada a santidade instantânea que a morte confere aqueles que, em vida, nunca abdicaram de si.
Morreu Sousa Franco, paz à sua alma, condolências à sua família e a este país, a quem Homens assim fazem falta, militem em que partido for, porque já não sobram muitos da mesma estirpe, e todos são poucos para nos tirar da mediocridade e do marasmo.
Esteve muito bem Durão Barroso, que evocou o valor da vida; e Deus Pinheiro, que chorou o homem e o amigo.
Partilhemos, com eles e com todos os outros, o choque e a fúria desta perda, mas não esqueçamos Sousa Franco, com o bom e o menos bom de si que teve a coragem de partilhar connosco.
Santificá-lo, adoçar-lhe os traços, será uma forma de lhe diminuir o valor; e ele não gostaria, por não lhe estar na natureza.
Friday, June 04, 2004
Let me stop here. Let me, too, look at nature awhile.
The brilliant blue of the morning sea, of the cloudless sky,
the shore yellow; all lovely,
all bathed in light
Let me stand here. And let me pretend I see all this
(I actually did see it for a minute when I first stopped)
and not my usual day-dreams here too,
my memories, those sensual images.Constantine P. Cavafy
The brilliant blue of the morning sea, of the cloudless sky,
the shore yellow; all lovely,
all bathed in light
Let me stand here. And let me pretend I see all this
(I actually did see it for a minute when I first stopped)
and not my usual day-dreams here too,
my memories, those sensual images.Constantine P. Cavafy
Thursday, June 03, 2004
A propósito da divergência (?) de opiniões entre os Ministros da Saúde e das Finanças…
Hum, não me parece que esteja a começar bem, para o tipo de abordagem que pretendo fazer!
Recomeçando:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre as Ministras da Saúde e das Finanças…
Ai, que continua a não me parecer bem, isto porque (se os tivesse) os leitores berrariam que, sendo o Ministro da Saúde homem, a nossa (mal) amada língua materna não suporta «este formato»!
Recomecemos, pois, de uma outra forma:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre o Ministro da Saúde e a Ministra das Finanças…
Alto, que assim teremos os cavalheirescos espécimes do nosso conservador burgo a murmurar que, etiqueta dixit (e, já agora, hierarquia do governo manda!): primeiro as senhoras.
Retornemos, portanto, ao início, colocando a senhora no lugar que lhe pertence:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre a Ministra das Finanças e o Ministro da Saúde.
Credo, que as cultivadoras da questão do género, habitualmente borrifando-se para as hierarquias, governamentais e outras, clamariam que chega de atitudes discriminatórias (ainda mais, neste caso, pela positiva) contra a mulher!
Bem, vamos a uma solução de compromisso:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre os responsáveis pelos Ministérios da Saúde e das Finanças…
Bolas, não acerto uma e ainda por cima esqueci-me do que pretendia escrever!
Hum, não me parece que esteja a começar bem, para o tipo de abordagem que pretendo fazer!
Recomeçando:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre as Ministras da Saúde e das Finanças…
Ai, que continua a não me parecer bem, isto porque (se os tivesse) os leitores berrariam que, sendo o Ministro da Saúde homem, a nossa (mal) amada língua materna não suporta «este formato»!
Recomecemos, pois, de uma outra forma:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre o Ministro da Saúde e a Ministra das Finanças…
Alto, que assim teremos os cavalheirescos espécimes do nosso conservador burgo a murmurar que, etiqueta dixit (e, já agora, hierarquia do governo manda!): primeiro as senhoras.
Retornemos, portanto, ao início, colocando a senhora no lugar que lhe pertence:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre a Ministra das Finanças e o Ministro da Saúde.
Credo, que as cultivadoras da questão do género, habitualmente borrifando-se para as hierarquias, governamentais e outras, clamariam que chega de atitudes discriminatórias (ainda mais, neste caso, pela positiva) contra a mulher!
Bem, vamos a uma solução de compromisso:
A propósito da divergência (?) de opiniões entre os responsáveis pelos Ministérios da Saúde e das Finanças…
Bolas, não acerto uma e ainda por cima esqueci-me do que pretendia escrever!
Wednesday, June 02, 2004
«only you are still around»
We hold it against you that you survived.
People better than you are dead,
but you still punch the clock.
Your body has wizened but has not bled
its substance out on the killing floor
or flatlined in intensive care
or vanished after school
or stepped off the ledge in despair.
Of all those you started with,
only you are still around;
only you have not been listed with
the defeated and the drowned.
So how could you ever win our respect?--
you, who had the sense to duck,
you, with your strength almost intact
and all your good luck.
From The Long Meadow by Vijay Seshadri.
People better than you are dead,
but you still punch the clock.
Your body has wizened but has not bled
its substance out on the killing floor
or flatlined in intensive care
or vanished after school
or stepped off the ledge in despair.
Of all those you started with,
only you are still around;
only you have not been listed with
the defeated and the drowned.
So how could you ever win our respect?--
you, who had the sense to duck,
you, with your strength almost intact
and all your good luck.
From The Long Meadow by Vijay Seshadri.
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