Friday, November 13, 2009

Cada cavadela, cada minhoca


O nome de Sócrates aparece ligado a tantas relações perigosas, que, das duas,uma: ou tem uma atracção fatal para as más companhias, ou algum consultor de vão de escada quer disfarçar a árvore no meio da floresta (de enganos?).
Este país é, mesmo, um quintalinho de ervas daninhas, entrelaçadas.

Câncio, a namorada

A senhora jornalista, Dra. Fernanda Câncio, tem por hábito dar à pluma (literária) e ser acérrima defensora de Sócrates. Por vezes faz de conta que ataca as políticas do governo, mas é tudo coisa leve, cenário de mentirinha. Faz o mesmo com o namoro - goza os privilégios de ser a namorada do primeiro-ministro, mas faz umas cenas de "ai minha gente, que eu quero é passar despercebida". Pois, da qualidade do namoro sabem eles, mas a Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas é que não foi na conversa e chamou os nomes à coisa. Se lhe veste a pele e goza as mordomias é namorada, e não há impedimento em escrevê-lo e dizê-lo.
Tem todo o direito a escrever sobre o Governo mas é importante que as pessoas saibam que é namorada do primeiro-ministro”, esclareceu o provedor. Agora, rica, ou acaba com o namoro e volta para debaixo da pedra de invisibilidade em que estava, ou paga o preço da notoriedade conseguida à custa da ilustre companhia!

Portugal gastou em ciência 1,5 por cento do PIB em 2008??? AhAhAh!

Isto é o que diz o governo, e o que noticiam os jornais. Mas será que é mesmo assim? Se houvesse uma entidade reguladora credível, estaria interessada em saber como o organismo oficial "encontra" estes números, como as "contas" são feitas e quem decide as "fórmulas" que se aplicam para apresentar as estatísticas, que depois permitem ao governo fazer todo este estendal de "sucesso". Tenho cá para mim que se uma avaliação externa fosse efectuada ao trabalho estatístico desenvolvido e divulgado pelo ministério de Mariano Gago haveria ENOOOORMES surpresas. Como não há contraditório, vivemos todos muito felizes. E siga a dança, que o cantador está inspirado.
Nota metodológica: não esquecer que o "impulso" às características de "excelência e qualidade" do IPCTN tem a marca de Maria de Lurdes Rodrigues, no seu período pré-ME.

Ir à escola, ou talvez não

A atenta Lucinda Fialho escreveu, em comentário: «Tanto quanto me é dado saber, os professores não têm tempo para preparar aulas apesar de passarem dias inteiros na escola...É este o estado a que se chegou.»Itálico Porque poucos seriam capazes de dizer isto, desta forma simples e eficaz, aqui fica o oportuno e corajoso comentário.
Prezada Lucinda, não sei se por sorte, ou azar, pertenço ao reduzido grupo dos que sabem que os professores estão, efectivamente, assoberbados com trabalho. A minha questão não deriva de qualquer dúvida quanto ao muito trabalho que foi posto em cima dos ombros dos professores, mas antes da real utilidade do mesmo. Tal como hoje vejo «o estado a que se chegou» nas nossas escolas da era Sócrates, mais me convenço que enquanto não quisermos separar a função de "armazenagem" de alunos, que está, crescentemente, a ser atribuída às escolas, da função que a estas está, efectivamente, cometida, não conseguiremos pensar práticas educativas alternativas, com novas estratégias de aprendizagem mais adequadas às necessidades das populações escolares e aos meios à disposição do sistema de ensino. E interrogo-me: até quando vamos enterrar a cabeça na areia para esta questão? a quem convém esta omissão? porque está ausente deste debate a opinião pública, sempre tão sedenta de fazer sangue no que à inércia dos professores diz respeito? Vale a pena pensar no assunto, não lhe parece?

Ingleses arquivaram processo Freeport!

Nas terras de Sua Majestade dá-se o assunto por encerrado, segundo esta notícia do Público, na qual se recorda que um dos obstáculos à obtenção de informações sobre o processo se deve ao facto de «75 por cento dos arquivos de contabilidade do Freeport foram queimados num incêndio». Oportuno, acrescentaria um maldoso.

Sócrates mentiu ao Parlamento? Pode lá ser!?

De acordo com o SOL, «As escutas do processo ‘Face Oculta’ provam que o primeiro-ministro faltou deliberadamente à verdade quando disse no Parlamento que desconhecia o negócio da compra da TVI pela PT». De acordo com as declarações do próprio primeiro-ministro na AR, o seu desconhecimento do assunto era completo a 24 de Julho, mas, na interpretação que o jornal faz da cronologia dos factos que reporta, as conversas com Vara, em Março, provam que Sócrates mentiu.
No desconhecimento do exacto teor da conversa com Vara, que (e)leitor poderá, com estes factos, aceitar que Sócrates mentiu? Mais simples é acreditar que ele lança búzios, lê a palma das mãos, ou interpreta os astros e tem, por isso, capacidades de previsão do futuro! E que, como qualquer mortal, esquece conversas irrelevantes com os amigalhaços, pobre homem. Francamente, jornal SOL, tanto barulho por nada?

Tuesday, November 10, 2009

À atenção da Ministra da Educação - Gripe A nas escolas, Magalhães e Cª

Ao que parece, e tem sido notícia, a gripe A tem obrigado algumas escolas a mandar turmas inteiras para casa, com o objectivo de minimizar o contágio. Nada contra esta medida, antes pelo contrário, já que prevenir riscos maiores é uma decisão inteligente, que não pode ser considerada como pânico desnecessário. A situação, no entanto, tem-me deixado algumas interrogações sobre a utilização dos excepcionais meios de que a maioria das escolas e grande número de alunos dispõe para informação/formação à distância. De facto, quem conhece minimamente as escolas sabe que, na generalidade, estão muito bem apetrechadas de salas de informática, têm centros de recursos bem equipados e contam com uma percentagem de computadores por aluno de fazer inveja a países bem mais ricos. Por outro lado, e a fazer fé na propaganda dos governos Sócrates, desde que foi descoberto o filão Magalhães, mais o e-escolas e cª, que mesmo os alunos mais carenciados se encontram munidos dos meios tecnológicos considerados necessários a uma melhor escolarização. Acontece que mesmo profissionais do meio não são capazes de me enunciar como tem sido a utilização de todo este aparato tecnológico em favor dos alunos retirados das escolas, com excepção de vagas referências a mails e troca de correspondência "administrativa". Não andarei a falar com as pessoas certas, mas ainda não tive notícia de escolas que tenham aproveitado as férias para preparar aulas online sobre conteúdos programáticos das diferentes disciplinas, que agora poderiam estar disponibilizadas às turmas e alunos que não podem estar nas aulas presenciais. Acredito que seja só uma lacuna de informação, e que estejam de facto no terreno experiências interessantes e da maior utilidade para os alunos, pelo que seria de exigir ao governo que fizesse tanta propaganda sobre estas boas práticas, como sobre a "benemérita" distribuição dos computadores. Afinal, de uma ministra da educação espera-se mais do que limitar-se a gerir a discussão da carreira e da avaliação de professores. Sobre isto, os sindicatos dizem nada, parecendo que até têm medo de que essas experiências de ensino à distância possam trazer a debate uma nova abordagem sobre a prática educativa.

O supremo considerou nulas as escutas a Sócrates

O azar continua a perseguir o rapaz. Consideradas nulas, as escutas às conversas com o amigalhaço Vara serão, muito provavelmente, apagadas, se for seguido o procedimento usual. E assim, com esta decisão, fica Sócrates sem a possibilidade de usar tão preciosos instrumentos para provar a tout le monde o quão limpas estão as suas inocentes mãos em todo o sucateiro negócio com que querem salpicar o governo a que preside. O facto de nessas escutas se terem tratado negócios "menores", como o caso Prisa/TVI , por exemplo, já não preocupa ninguém. Afinal, é apenas a aplicação da regra de ouro da comunicação social: a notícia de hoje embrulha o lixo de amanhã. E facto é que o "caso TVI" já deu o que tinha a dar. Basta ver como passaram a ser "tratadas" as notícias.

Saturday, November 07, 2009

O azarado

Como muitos outros, sempre considerei Sócrates um espertalhaço cheio de sorte. Convenhamos que, visto com ligeireza, não é qualquer um nascido nas berças, com um entorno familiar pouco propício e sem possuir particulares aptidões para sobressair, fosse pelo saber ou pela inteligência excepcional, repito, não é um Zé qualquer que faz o percurso político e o enriquecimento acelerado de que Sócrates se pode gabar. O que se pode concluir perante tamanha façanha? Não se pode levar a mal que nos possamos socorrer da "teoria geral" para tentar explicar o fenómeno: se a esperteza saloia e a leveza de escrúpulos são, sabe-se, a melhor "enxada" para os fura-vidas do estatuto atingirem o pódio das suas aspirações, só resta a sorte para alavancar os percursos mais "distintos".
Só que agora, vistas bem as coisas, e já são tantas, percebo finalmente que não é sorte, é azar mesmo, o que persegue o nosso impoluto primeiro-ministro. Ele foi o caso da licenciatura, e poucos se podem gabar de possuir uma que tresande tanto; ele foram as casas manhosas que lhe sairam da ponta do lápis, ao que parece em consequência de embrulhada profissional mal explicada; ele é o Freeport, que só não anda porque, sabe-se lá se por influência de alguma fada bondosa, desanda tudo em que o azar mergulha o arrogante primeiro-ministro; ele são as luxuosas casas, dele e da senhora sua mãe, bons negócios, que de tão bons só mesmo um azarado se mete neles, e se sai bem; ele são uns primos, mais uns familiares que, talvez por falta de imaginação, lhe fazem a cama, pedindo benesses em nome de tão azarado parente; ele são os amigos do peito, que se deixam enlear em azaradas negociatas sucateiras, salpicando o amigo e confidente com a "ferrugem" dos milhares de euros distribuídos à conta de "óleo" para os travões das burocracias. Tantos casos, bem bicudos, e, só pode ser azar, vão todos dar à infeliz vítima destas sucessivas campanhas negras!
Vá lá, numa coisa Sócrates tem tido sorte: por mais que as esconsas vielas destas maldosas cabalas levem a ele, e qual herói dos comics tradicionais, delas sai sempre ileso e impoluto. Caramba, um homem também tem que ter uma estrelinha de sorte, no meio de tanto azar!