Por oportunismo do governo, por ceder às pressões do país e da oposição, ou porque o chefe lhe apresentou um ultimato, lá foi a ministra da educação à AR.
Confesso, não tinha grandes expectativas quanto a explicações sobre o caos instalado nos exames nacionais, que a senhora abusa da prepotência e da falta de respeito por todos os que escapam ao seu alto juízo. Apesar desse cepticismo, ainda acarinhava a ideia de que, acossada pelas críticas e posta perante um desastre de tal dimensão, a inquilina da 5 de Outubro tivesse reflectido e nos brindasse com umas daquelas saídas airosas em que o governo, e ela própria, são exímios.
Afinal, o que vimos?
Uma mulherzinha muito mal educada (os deputados tiveram mesmo de lhe chamar a atenção, por estar ela em permanente diálogo com os outros membros da bancada do governo, enquanto eles se lhe dirigiam) arrogantemente muralhada num mutismo absurdo sobre as explicações que se impõem, titubeante nas intervenções (coxas) e politicamente desastrada. E tão incapaz se revelou, que o ministro Santos Silva teve que sair em seu socorro e fazer ele a intervenção final pelo governo, quase dando a impressão de ser, novamente, o ministro da pasta.
Esta prestação da ministra deixou a nu a personagem - incompetência camuflada de exigência, prepotência disfarçada de seriedade, desrespeito escondido sob uma falsa capa de rigor, fraqueza onde alguns querem à força ver determinação. Os professores e as escolas já sabiam com o que lidavam, agora só não sabe quem não quis ver.
Esta passagem de Maria de Lurdes Rodrigues pela AR foi, a todos os títulos, lamentável - porque se viu o chicote de Sócrates nas costas do grupo parlamentar do PS; porque, depois deste exercício, tudo ficará na mesma quanto aos exames e, sobretudo, porque a ministra nos merecerá cada vez menos respeito e confiança. E, sem respeito e sem confiança, só sobra o autoritarismo cego, que, se analisarmos bem, tem sido a única ferramenta que tem usado no exercício do cargo em que foi investida.
2 comments:
Na mouche, caro crack.
É ou não verdade que a ministra tem um enteado a fazer o 12º ano de Física na Escola Secundária da Quinta do Marquês?
Seria muito bom que ela afastasse as suspeitas de favorecimento que o seu silêncio sobre este caso alimentam.
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