As almas caridosas e compadecidas, que tanto se afadigam a noticiar os crimes entre pessoas que vivem no que podemos designar um "modelo tipo casal", fariam melhor serviço à comunidade se averiguassem um pouco mais fundo cada um dos casos antes de, lestamente, os atirarem à cara do incauto cidadão leitor de jornais ou espectador de televisão. Fossem estas câncias almas mais selectivas e analistas, e aposto que as estatísticas se reduziam drasticamente, enquanto que as situações remanescentes, que, efectivamente, se podiam incluir na categoria seriam, com certeza, bem mais exemplares do que as tragicomédias que apenas ilustram a inutilidade do pensamento politicamente correcto sobre o assunto.
«Por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las.» Bertrand Russell
Wednesday, December 09, 2009
Avaliação sem classificação????
Nem é preciso explicar que só poderiam estar a falar da avaliação de professores!
Assim que conseguir refazer-me do impacto de tal proposta, voltarei a esta tão criativa ideia.
Acção Social Escolar paga o computador Magalhães
Parece que o ex-ministro Mário Lino foi buscar 180 milhões à Acção Social Escolar para pagar o computador Magalhães. Surpresa? Porquê? O "artista" era um governante socialista português e, ao que parece, estava suficientemente resguardado em despacho oportuno, que permitiria a inovadora medida de apoio social.
Para quando um categórico JAMÉ popular a esta troupe de saltimbancos políticos?
Novas Oportunidades - o rei, finalmente, vai nu!
Quando o Programa surgiu, devidamente enfeitado pelo carro de propaganda do governo Sócrates da maioria absoluta, "puxado" por um conjunto de "celebridades" de duvidosa isenção e ainda mais duvidoso discernimento na matéria, fui dos que desconfiou da valia e bondade de tão pouco pensada e ainda menos estruturada medida. Tresandava a mesma a efeito fácil e rápido, para cumprir mínimos estatísticos em Bruxelas e "encher o olho" aos pacóvios da terrinha. Mas, como nisto de formação, por aqui se acredita que (quase) toda a que vem é útil, lá se deu o benefício da dúvida, mas, coitado, este meu exercício de tolerância e expectativa foi rapidamente morto pela prática que se instalou no terreno.
Tendo tido contacto muito próximo com o projecto, através de pessoas que a ele deram o seu melhor, pessoas que, profissional e pessoalmente, muito respeito e prezo, depressa pude concluir que, efectivamente, na maioria dos casos as Novas Oportunidades não levantaram voo de práticas de oportunismo voraz, quer por parte das entidades formadoras que se constituiram para o efeito, quer por parte dos beneficiários deste "subsídio de reinserção educativa", distribuído à velocidade dos apetites numéricos dos inquilinos do ME, e embrulhado nas manifestações exteriores do sucesso exigido pelas agências de propaganda do governo. Dada a eficaz capacidade destas agências em tornarem opaca a realidade do Portugal socrático, não surpreendeu que pouco se tenha dito e escrito sobre o desperdício de dinheiros públicos que as Novas Oportunidades representam, quando analisado o real resultado do projecto para a formação de milhares de potenciais trabalhadores portugueses, resultado muito distante da promessa com que se enfeitara o mesmo, e que se pode resumir assim - é este upgrade educativo o passo de mágica para formar cidadãos mais cultos, mais capazes de intervir profissionalmente no tecido social português (e, quiçá, europeu), degrau quase directo para o patamar dos melhores empregos, maiores rendimentos profissionais e, cereja em cima do bolo, a porta de saída segura das malhas do desemprego.
Convém dizer aos mais crédulos que pouco importarão os relatórios de grupos de "peritos" nomeados para a "avaliação" do projecto, os quais serão, decerto, suficientemente suaves para que não tresande a porcaria do fundo deste pântano, ou não fosse cauteloso prevenir futuras estadas na 5 de Outubro, para já não dizer que seria desconfortável acordar memórias de passados pouco produtivos nesses corredores do poder. Queremos saber o que valem as Novas Oportunidades? Fale-se com empregadores, e eles riem-se na nossa cara do saber e do saber-fazer destes diplomados de aviário. Desconte-se a satisfação (legítima, porque terna e caridosa) das Marias e Manéis deste país, finalmente possuidores de "grau" de escolaridade, mas incapazes de soletrarem as notícias de rodapé nos telejornais que lhes contam as maravilhas do governo daquele senhor que tão bem sabe como é importante ter um diplomazinho, e temos uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Finalmente, Medina Carreira vem chamar os nomes à coisa, com o desassombro que lhe conhecemos: "[O programa] Novas Oportunidades é uma trafulhice de A a Z, é uma aldrabice. Eles [os alunos] não sabem nada, nada", (...) "fazem um papel, entregam ao professor e vão-se embora. E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano [de escolaridade]. Isto é tudo uma mentira, enquanto formos governados por mentirosos e incompetentes este país não tem solução". Pois não tem, não, enquanto responsabilidades e decisões de futuro forem repartidas entre conivências e conveniências dos habituais actores desta tragicomédia que é a governação em Portugal de Abril.
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