Dos tempos da infância recordo como o meu pai, com um sorriso algo matreiro, classificava as maroteiras que nós, os miúdos, tentávamos "mascarar" com o que nos pareciam as mais escorreitas e convenientes explicações, mas que aos olhos de um adulto não passavam de incoerentes e esfarrapadas invenções - chinesices, dizia ele, do alto da sua bonomia - e ficávamos todos a saber que tínhamos sido apanhados.
Tenho a certeza que se ele estivesse cá para saber das ilusões que os chineses fizeram para a grande ouverture olímpica remataria filosoficamente - chinesices.
Sobre os embustes que sabemos agora terem sido praticados, melhor seria que tivessemos presente que that's television folks! Ficaríamos menos ofendidos (ai esta superioridade moral do velho ocidente!) e mais disponíveis para apreciar o elevado nível técnico e artístico do espectáculo. Afinal, no que se têm vindo a tornar os jogos olímpicos actuais que não seja num grandioso espectáculo? E se a cada edição dos jogos o principal objectivo do organizador é superar o antecessor, todos os meios parecem válidos. That's show business! À moda chinesa, é certo, mas a dimensão da ilusão só poderia estar à escala do universo chinês.
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