Não surpreende o súbito interesse de Sócrates por Angola, como espaço a privilegiar pelos nossos empresários, atendendo à pujança do crescimento da sua economia. A sua deslocação, com extensa comitiva, é, portanto, de saudar e esperam-se, com expectativa, os resultados desta expedição, que decorrerá no princípio de Abril.
Acontece que daríamos mais crédito a estas investidas do governo, e teríamos mais confiança nas possibilidades de sucesso dos contactos a estabelecer, se conseguíssemos enquadrar as relações bilaterais entre os dois Estados numa maior e mais genuína partilha do interesse comum, o que, sem dúvida, transcende a relação económica e que, em primeira linha, deveria estruturar-se em torno daquilo que constitui uma verdadeira expressão de lusofonia. Infelizmente, temos demasiadas evidências do abandono a que votamos esse relacionamento com o povo de Angola, evidências que passam, só a título de exemplo, pela relação que estabelecemos com os imigrantes angolanos e pela forma como acautelamos a nossa história comum e o nosso património cultural partilhado. Sem precisarmos de ir buscar os abundantes exemplos que encontraríamos desse desinteresse, não deixa de ser elucidativa a notícia de que deixaram esgotar-se, em Lisboa, a vacina contra a febre amarela, indispensável para quem se desloca para África, nomeadamente para Angola. Claro que Sócrates e a sua comitiva acabarão por não ser penalizados por esta falha, mas é pena. Talvez passassem a dar maior importância aos pequenos pormenores, que, na maioria das vezes, fazem a diferença entre o que se pretende e o que, efectivamente, se obtém.
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