Tuesday, July 05, 2005

«A imoralidade é a revolta contra um estado de coisas de que se está a ver o logro»*

As declarações de Alberto João Jardim são apenas mais um episódio que vem demonstrar como ele ultrapassou, há muito, as linhas do mais elementar bom senso e faz alarde da sua incapacidade de controlo social, o que leva a pensar em condições de saúde mental a precisar de cuidados médicos, urgentes.
Por outro lado, os políticos têm, também, o seu prazo de validade, sobretudo quando as condições de "acondicionamento" são propícias à deterioração, como é o caso da ensolarada ilha atlântica. Neste caso, também há muito que o partido que representa(?) deveria, não apenas ter tomado posição firme relativamente às intempestivas intervenções da folclórica personagem, como ter encontrado uma alternativa credível a submeter a votos do eleitorado. Nunca o fez, pelas razões que se conhecem, alimentando a força e dando espaço às inconveniências. Como qualquer criança mal comportada, Jardim aproveitou a ausência de autoridade e foi esticando a corda.
Estando a situação da personagem apodrecida, nos termos que todos conheciam, só por suprema hipocrisia todos se manifestam agora muito agastados com as declarações xenófobas de Alberto João. E mais hipócritas, ainda, porquanto o que ele veio dizer «cai bem» a muitos senhores da nossa praça política, encontra eco no mundo da finança e empresarial, merece aplauso de muito pequeno comerciante e cidadão da rua.
A quase generalizada fragilidade das críticas e a atitude do PSD levam-me a duvidar que seja desta que a necessária prova de autoridade se concretize, mas, se for esta a gota de água que marque o princípio do fim das tropelias do senhor da madeira, não deixará de pairar sobre qualquer decisão que venha a ser tomada a sombra hipócrita do politicamente correcto, que o irá fazer pagar por manifestar em voz alta aquilo que muitos pensam e têm vergonha de dizer. Pior ainda, que alguns, na calada de decisões que passam despercebidas ao comum cidadão, acabam por, efectivamente, tentar impor.
* Ernest Renan

1 comment:

manuel cabeça said...

eu não sei se será o Alberto João a falar se, eventualmente, o seu grande amigo, o jonnhy "andante".
não há pachorra para estas barbaridades.