Saturday, December 30, 2006

Feliz Ano 2007

Em tempo de balanço, do melhor da blogosfera

Pelo que se escreve, mas, sobretudo, por tudo o que não se escreve.

Em tempo de balanço, do melhor da blogosfera

Cinco Dias

Em tempo de balanço, do melhor da blogosfera

4R - Quarta República
No limiar da utopia. Longe da anarquia mansa que nos tolhe.

Só para não desafiar os deuses...

... é que não digo que 2006 foi o pior ano da minha vida!

«A história é o incalculável impacto das circunstâncias sobre as utopias e os sonhos»*


Saddam - a morte, que acabará por tornar-se uma honra imerecida.
* Mariano Salas

Wednesday, December 27, 2006

Annus horribilis III

Annus horribilis II

Annus horribilis I

Antologia


O mais importante na vida
É ser-se criador – criar beleza.
Para isso,
É necessário pressenti-la
Aonde os nossos olhos não a virem.
Eu creio que sonhar o impossível
É como que ouvir uma voz de alguma coisa
Que pede existência e que nos chama de longe.
Sim, o mais importante na vida
É ser-se criador.
E para o impossível
Só devemos caminhar de olhos fechados
Como a fé e como o amor.
António Botto

Friday, December 22, 2006

Thursday, December 21, 2006

O ME deveria ter pedido pareceres jurídicos, prévios...

... mas essa não é a prática do governo, como o recente caso dos pareceres pedidos à posteriori, sobre a Lei das Finanças Locais, veio demonstrar. E como o ME não estudou bem todos os contornos jurídicos de que a sua decisão sobre as aulas de substituição se poderia revestir, agora foi condenado por dois tribunais, que mandaram pagar as aulas de substituição dadas. E ainda há quem diga que Maria de Lurdes Rodrigues sabe o que anda a fazer!

"não há presos políticos, mas políticos presos"

A frase é de Hugo Chávez. Poderia ter sido dita milhares de vezes, no passado do mundo. Não será desaproveitada por muitos, no futuro.

Em tempo de balanço, do melhor da blogosfera

A série 60s Crash Course, no ...bl-g--x-st-.

Wednesday, December 20, 2006

Órfão(s)

Com Joseph Barbera, desaparece o último dos doers* de uma época de diversão ingénua, e de absoluta fruição do humor apocalíptico* , através do desenho animado.
(* assume-se a re-utilização de conceitos abordados por JPP na reflexão referida no post anterior)

A não perder

No seu blog, José Pacheco Pereira introduz uma "apocalíptica" reflexão sobre o mundo do conhecimento na era digital, numa série de entradas (até agora,7) sob o título - PERGUNTAS ENTRE O ESPAÇO E O CIBERESPAÇO. A génese desta reflexão surge a propósito da sua participação no Seminário Creative Commons, na Universidade Católica, no passado dia 15 deste mês, mas, para quem teve o privilégio de aí o ouvir, a excelência destes textos sobrevaloriza-se, porque vêm preencher os cortes que, por questões de tempo, foi obrigado a fazer no auditório Cardeal Medeiros. De facto, se a keynote de Lawrence Lessig nos maravilha, tanto pela inovação do "produto" que nos apresenta, como pela novidade que ainda constitui a «forma muito plástica de interacção entre o que diz, sem papel nem texto e o que passa no écrã do fundo», sorte a nossa que os microfones de "peito" para a keynote de Pacheco Pereira não funcionaram e nos permitiram assistir à mais "apocalíptica" das mensagens, no mais tradicional dos figurinos - a riqueza da palavra, ao serviço das ideias, sem a distracção da imagem ou do gadget tecnológico.
Lawrence Lessig não esquecerá, facilmente, o que ouviu na UCP. Quanto a nós, será conveniente ficarmos atentos ao seu contributo para a regulação necessária à partilha do conhecimento na internet. As Creative Commons não são, de todo, uma inovação inútil.

Quem tudo quer abarcar, cedo quer acabar *

Será abusivo interrogarmo-nos se, ainda que inconscientemente, não estará ele a referir-se a Maria José Morgado?
* O inquérito da agressão a Ricardo Bexiga foi ontem formalmente avocado por Maria José Morgado - recentemente nomeada responsável pela equipa que vai centralizar a investigação ao caso Apito Dourado.

Tuesday, December 19, 2006

Confirmada a origem genética do autismo

Investigadores franceses descobriram o papel-chave de um gene sobre o cromossoma 22, em certas formas de autismo.
«Les chercheurs apportent ainsi de nouvelles pièces au complexe puzzle de l'autisme. Ces travaux sont publiés en avant-première sur le site de Nature Genetics. L'autisme ou plutôt les syndromes autistiques, dont les origines restent encore bien mystérieuses, ont longtemps été l'objet d'une guérilla entre les tenants du courant psychanalytique qui, sous l'impulsion de Bruno Bettelheim, mettaient sur le compte d'une mauvaise relation mère-enfant l'origine de ces difficultés et les scientifiques qui tentent de découvrir les anomalies de la maturation cérébrale impliquées dans ces troubles envahissants du développement. Parents et enfants ont longtemps fait les frais de ces deux approches si contradictoires. Aujourd'hui, après des décennies de discorde, les relations entre ces deux courants se sont en partie apaisées
A ler, no Le Figaro.fr.

E este governo continua a dizer que dá prioridade à formação e qualificação das pessoas...

Até ao início do próximo ano lectivo, cerca de 100 docentes da Universidade do Minho irão ser dispensados. A acrescentar a estes, sairão 60 funcionários, o que representará um corte de 20% nos quadros de pessoal daquela Universidade. A falta de alunos e os cortes orçamentais começam a justificar medidas como esta, como se esperava. Se bem que não é o maior número de docentes que, por si só, dá crédito a um estabelecimento de ensino superior, a verdade é que, com estes despedimentos, haverá projectos que, necessariamente, irão cair. É pena. Que, ao menos, haja um saudável princípio de salvaguarda da qualidade nos cortes que se venham a fazer.

Monday, December 18, 2006

Thursday, December 14, 2006

O mais eloquente de todos os sermões é o exemplo

Esteve muito bem Henrique de Freitas, ao demarcar-se do seu grupo parlamentar, por este ter recebido, onde e como o fez, os parlamentares europeus que investigam os voos da CIA. Melhor esteve Henrique de Freitas na atitude, e no (quase nada) que disse sobre o assunto. Lamenta-se a sua saída da vice-presidência do grupo parlamentar, onde, como este episódio evidencia, a sua serena forma de estar na política irá fazer falta.

Diana's second death

Para alívio de todos, 10 anos depois, o relatório de Lord Stevens conclui pela morte acidental de Diana de Gales.

Contributos para a reflexão sobre o aborto

Ainda o estudo da APF e os seus números, avassaladores.
Alegrem-se o que quiserem as guerreiras do Sim, estrebuchem o que entenderem as irredutíveis do Não, a verdade é que a imagem da mulher portuguesa que emerge deste estudo é profundamente penalizadora, por pôr em evidência comportamentos femininos imaturos e irresponsáveis, instabilidade afectiva e total desrespeito pelos direitos dos parceiros-pais.

Contributos para a reflexão sobre o aborto

Se serão muitas as interrogações que este estudo poderá deixar nas boas almas que se excitam, quer pelo sim, quer pelo não, com uma certeza ficamos, pelo menos. Há centenas de milhares de mulheres portuguesas que, entre os 18 e os 49 anos, ou sofrem de falta de atenção patológica, ou são incapazes de estabelecer relacionamentos afectivos estáveis, ou são totalmente incompetentes para identificarem, seleccionarem e utilizarem um dos muitos métodos anticoncepcionais existentes. Lá se vai pelo cano abaixo o mito da competência feminina! E, depois disto, venham daí as defensoras do género exigir igualdade de direitos no acesso a lugares de responsabilidade e chefia! Pois se nem a sua barriga conseguem "gerir" eficazmente...

Wednesday, December 13, 2006

L'Héritage de Marie-Antoinette

Ségolène Royal, une jolie femme, avec de belles jambes, un mari, quatre enfants et un amant.

Monday, December 11, 2006

Ainda, e mais uma vez, os privilégios dos professores

Segundo o Expresso do passado sábado, a PSP «registou em 2005/2006 um aumento de 15% de criminalidade nas áreas escolares, o que vem quebrar uma tendência de decréscimo que se vinha a registar nos últimos anos.»
Num ano lectivo, mais 40% de uso e posse de armas, mais 44% de uso e posse de estupefacientes, mais 40% de roubos, mais 30% de actos de vandalismo, mais 24% de agressões sexuais.
Se os números falam por si, e as situações também, alguém conseguirá explicar-me quais são os privilégios dos professores?

Portas trocadas

Os manos Portas vão gerindo o seu lugar ao Sol de uma forma que, só aparentemente, é uma sintonia imperfeita.
Esta semana, os seus contributos para a nossa cultura político-cinematográfica são exemplares daquilo para que servem os genes partilhados (esta ficou-me, da ESPAP), ou, na pior das hipóteses, o que pode resultar de um jantarinho em casa da mamã Helena.
Miguel, na página 28 do soalheiro semanário, traça o seu Sol à Esquerda ao ritmo e ao som do último Bond, confessando-se entusiasticamente rendido às novas roupagens e ao destemido estilo do mais famoso espião do Reino de Sua Majestade, e arredores (entusiasmo a que não será alheio Daniel Craig, mas, mais do que ficou escrito, só poderá ser dito pela mamã Helena...). Paulo, no seu lugar cativo da plateia da Tabu, troca o cinema com que, semanalmente, nos embala a veia Penelope Cruz, por umas tias espanholas, que, no tempo das idas a Badajoz pelos caramelos, lhe ensinaram o valor da peseta. De caminho, deixa a Franco o generalato e o seminário a Salazar, faz a apologia de Aznar e mostra os pés de barro de Zapatero, num mixed estilístico Almodóvar/Oliveira, da mais pura matriz ibérica.
É o Sol, sem nuvens.

ESPAP*

Na verdade, o esquema é o esperado - para acabar com o excesso de funcionários públicos cria-se a empresa pública necessária (?), na qual surgirão empregos com fartura, sim, mas só para aqueles amigos do primo do enteado do cunhado do ministro, que votam a condizer, e que, imbuídos da mais fiel subserviência aos interesses dos nossos governantes de opereta, vão cortar a esmo nos funcionários públicos, esses baldas sugadores das energias produtivas do Estado patrão, pobre vítima de tão vorazes e improdutivos seres.
Repetir o que se sabe - que a poupança é nenhuma, que o nepotismo espreita e o oportunismo engorda, que se substitui o monstro das bolachas pelo monstro dos chupa chupa...? nem vale a pena! Para os que ainda têm esperança que este possa ser o bom caminho para reestruturar a Administração Pública, recomenda-se que, se ainda o não fizeram, não deixem de escrever a sua cartinha ao Pai Natal. Pois ele existe...
*Empresa de Serviços Partilhados da Administração Pública (ocorreu-me agora que, como estes serviços são tão partilhados, os seus futuros quadros só podem ser totalmente preenchidos pelos mobilizados especiais da AP, não é verdade?)
Apre, que lá me caiu a auréola! O melhor mesmo é ir escrever a cartinha para o Pai Natal!

Wednesday, December 06, 2006

«Só a vida pode defender uma mensagem, não a palavra»*

No estudo «Políticas de Educação Básica, Desigualdades Sociais e Trajectórias Escolares», de investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), apresentado no Fórum de Pesquisas CIES (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia) 2006, este ano dedicado às temáticas da «Sociedade do Conhecimento, Jovens e Educação», conclui-se que «o sistema de ensino em Portugal discrimina os alunos por escolas, por turmas e por vias de ensino, agravando os processos de desigualdade social».
Se esta conclusão não traz novidade, já nos surpreende saber que, de acordo com o mesmo estudo, no que diz respeito à violência nos estabelecimentos de ensino, as diferenças na origem social dos alunos deixam de ser significativas, uma vez que o fenómeno «não ocorre em mais quantidade nas escolas onde existe mais insucesso escolar ou com maior diversidade cultural e étnica». Não é exactamente esta a experiência recolhida no terreno, nem a qualidade dos equipamentos e a estabilidade do corpo docente e do conselho executivo, são os factores que, usualmente, emergem como «mais determinantes a nível da violência», como o mesmo estudo conclui. Este é um dos casos em que não basta a notícia, nitidamente ao serviço dos fins de alguns, mas em que importa conhecer o próprio estudo com origem no ISCTE (o que poderá não ser irrelevante). A acompanhar, sem dúvida.
* Veikko Koskenniemi

Para os que andam à volta com a TLEBS...

... não deixa de ter interesse este Rapport de mission sur l’enseignement de la grammaire. A ler.

Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade? É para levar a sério?

Como escrevia aqui, a carência de técnicos em educação especial está a afectar um número significativo de alunos com patologias diversas, que estão sem o apoio de que necessitam.
Dados da Fenprof, recolhidos em 46% das escolas, dizem-nos que: «há 2322 estudantes - que podem ser cegos, surdos, disléxicos ou hiperactivos - que não estão a receber apoio na sala de aula.», ao que o ME contrapõe que «este é um levantamento que está errado e que pode nascer de uma confusão que é misturar as crianças com necessidades de apoio e as necessidades educativas especiais». Sabemos que esta confusão tem sido habitual, a começar na própria administração educativa, mas não podemos ignorar que o ministério da tutela nunca foi capaz de identificar uma e outra das situações, distingui-las e enquadrá-las, adequadamente. Enquanto o governo não for capaz de apresentar números, que demonstrem que identifica as situações existentes no terreno, não tem legitimidade para recusar a leitura que se faz da actual carência de apoios - cinco mil professores a menos, razões economicistas na génese desta falta de apoio especializado aos que dele mais precisam. Talvez que os técnicos de saúde que vão ser colocados nas escolas para fiscalizarem a dieta dos alunos sejam, também, capazes de dar uma ajudinha a estes casos!

Tuesday, December 05, 2006

Crise? Qual crise?

Em 2005, Portugal era o nono país com mais utilizadores de telefones móveis com banda larga, logo a seguir à Espanha e à França, e à frente da Austrália.

A boa moeda

No DN, de hoje:
«A redução da despesa pública com pessoal que o Governo se propõe fazer entre 2006 e 2007 é a maior desde 2000 nos doze países da Zona Euro, com excepção da Áustria, que num ano cortou 1,2 pontos percentuais. Se a análise for feita desde 2002, Portugal é mesmo o país que mais corta a fundo nos salários do Estado

Contributos para a reflexão sobre o aborto

Aborto por aspiração em feto de 10 semanas

No seu artigo no Público, intitulado "Em nome da mulher", Helena Matos escreve, a dado passo: «Se se reparar a discussão sobre a interrupção voluntária da gravidez é, em Portugal, uma discussão sobre o poder das mulheres. O debate em torno do aborto é exclusivamente sobre se o aborto pode ser feito 'a pedido da mulher'». Até aqui os homens já tinham chegado, quer os que com o facto sentem alívio, quer os que são vítimas desta realidade. Talvez tenham razão aqueles que defendem que, por ser assim, não devam ser chamados a votar em algo que não lhes diz respeito.


pontos nos ii


A partir do momento em que uma revista, de uma editora de livros escolares, se arrogava o direito de questionar as acções do governo em matéria educativa, o fim pressentia-se inevitável. Aconteceu agora, ao que parece como tudo acontece, neste tempo da nossa desilusão - sem qualquer respeito por aqueles que ainda acreditam que vivem numa democracia, que lhes garanta a liberdade de pensar fora das baias da propaganda governamental. Santana Castilho comentou o fim da revista, concluindo assim: «O clima de autoritarismo que a "esquerda moderna" introduziu na política incentiva vocações adormecidas de pequenos ditadores, sobretudo quando intuem que o seu negócio pode sofrer por enfrentarem quem manda. O equívoco foi mútuo: o Grupo Texto Editores pensou que nós íamos fazer a sua newsletter; nós pensámos que eles eram mais do que simples negociantes de livros escolares. Os métodos pidescos que escolheram são simples corolário destes tempos modernos». Sem que deixe de compreender a surpresa e mágoa do Professor, uma coisa é certa: já vimos demasiadas vezes este filme, para que possamos dar espaço à ingenuidade. Fica a lição.

Monday, December 04, 2006

Antologia

Can it be right to give what I can give?
To let thee sit beneath the fall of tears
As salt as mine, and hear the sighing years
Re-sighing on my lips renunciative
Through those infrequent smiles which fail to live
For all thy adjurations? O my fears,
That this can scarce be right! We are not peers,
So to be lovers; and I own, and grieve,
That givers of such gifts as mine are, must
Be counted with the ungenerous. Out, alas!
I will not soil thy purple with my dust,
Nor breathe my poison on thy Venice-glass,
Nor give thee any love--which were unjust.
Beloved, I only love thee! let it pass.


Sonnets from the Portuguese, by Elizabeth Barret Browning

Polonium-210

Um assassino discreto, eficaz e sofisticado, mas suficientemente notorious, para se concluir que quem o utilizou para matar Alexander Litvinenko não queria que o seu uso passasse despercebido. Porquê?

«A aparência das virtudes é muito mais sedutora do que as próprias virtudes...»*

A medida é uma boa medida? Será, mas não é isso que está em causa, apenas uma consistente impressão de que não deixa de pecar por excesso, num sistema fortemente carenciado de outros técnicos - especializados em educação especial, técnicos especiais, terapeutas, assistentes sociais, psicólogos...
Quando pensamos que temos jovens a precisarem, urgentemente, de apoio de técnicos em educação especial, que não chegam para as necessidades; quando a vivência em meio escolar sofre a erosão que todos constatamos, fortemente agravada pela inexistência de psicólogos e de assistentes sociais; quando os casos mais dramáticos que as escolas identificam, no domínio da alimentação, são os dos alunos que desmaiam de fome, por não terem o que comer em casa; quando, desde há muitos anos, são várias as cantinas e refeitórios escolares em que se disciplinam os consumos de guloseimas e se incentivam os bons hábitos alimentares; neste panorama, a medida parece de um oportunismo algo descarado, a reboque de uma opinião publicada, sem dúvida pertinente, mas exagerada, quando tantas outras necessidades, quiçá mais prementes, ficam sem resposta, perante a passividade do ME.
Como diria Coco Chanel, vestir os rotos é sempre uma obra de misericórdia, mesmo que seja apenas com um casaco de arminho, sobre os seus corpos nús. Nas escolas, onde tantos técnicos faltam, começamos por pagar aqueles que devem ensinar os alunos a comer, quem sabe se os outros não virão de brinde?
*Madame de Riccoboni

Lumière


Um eléctrico chamado desejo
Adaptado ao cinema por Elia Kazan, da peça do mesmo nome de Tenessee Williams, premiada em 1948 com o prémio Pulitzer, ganhou o Oscar de melhor filme em 1951, proporcionando ainda Oscares de melhor actriz a Vivien Leigh e de melhor actor secundário a Karl Malden. A estrela do filme foi, no entanto, Marlon Brando, aqui no auge da sua presença física, e a demonstrar as qualidades interpretativas, que a longa carreira subsequente viria a confirmar.
Para a história do filme ficam os cortes que o puritanismo americano da época impôs às cenas que abordavam a questão da homossexualidade, mas também o registo daquilo que alguns consideram, hoje, serem os primeiros sinais evidentes de loucura na expressão facial de Vivien Leigh.

Do mar e da memória



Lugela

Navio de carga, construído em 1926 pela Blohm & Voss, de Hamburgo, iniciou a sua carreira sob pavilhão alemão, com o nome de Dortmund. Foi posteriormente adquirido e registado pela Companhia Colonial de Navegação, em 1943, passando a fazer a carreira das colónias, como cargueiro com capacidade de alojamento para os seus 50 tripulantes e uma escassa dezena de passageiros, em cada viagem. Foi o primeiro navio mercante português accionado por turbinas a vapor, que lhe asseguravam a estonteante velocidade de 13 nós. Nos anos 60 do século XX ainda demandava os portos da África portuguesa.