Wednesday, June 28, 2006

Sunday, June 25, 2006

Friday, June 23, 2006

Muito bem!

A lamentável prestação da equipa da 5 de Outubro não deve cegar-nos relativamente ao que de bom faz, ou diz querer fazer, no sector da educação.
A desastrada Ministra da Educação, talvez sacudida por uma inesperada reportagem televisiva que veio pôr a nú a violência que grassa no nosso meio escolar, parece ter percebido muito bem como resolver esse grande problema das escolas portuguesas, e manifestou já a intenção de conceder às escolas situadas em meios sociais problemáticos, com muitos casos de indisciplina, a possibilidade de serem elas a recrutarem directamente professores, escolhendo estes em função das características próprias, do seu perfil profissional e da apetência para lidar com situações extremas.
Que esta boa decisão não venha a tropeçar nas teias da burocracia e dos interesses corporativos do costume, é tudo o que se espera. E que o ME perceba que, além da selecção dos professores, há que dar a estas escolas outros instrumentos para enfrentarem situações para as quais não existe resposta no quadro legal e organizativo que presentemente existe.
E, já agora, que este seja um primeiro passo para uma efectiva autonomia de todas as escolas.

Thursday, June 22, 2006

Vítor Constâncio caiu do pedestal


Quem o diz é Sérgio Figueiredo, num imperdível artigo de opinião no JN, sobre aquele a quem chama «o fiador de Sócrates»:

«Constâncio decidiu patrocionar mais uma comissão «independente» para corrigir as contas públicas herdadas por um novo Governo. O resultado foi desastroso. Se a intenção era avalizar as tais «medidas difíceis», a consequência foi a que toda a gente viu: a política orçamental do primeiro ano de Sócrates foi um desastre completo.
A coberto de um défice virtual, a Comissão Constâncio deu a cobertura técnica para um desastre político: Sócrates viu ali o fiador de um ano fiscal que agravou o défice estrutural, em vez de o melhorar; que deu um sentido expansionista aos gastos, na vez de os cortar.
Mas, sobretudo, permitiu que o Governo apresentasse o maior desequilíbrio financeiro dos últimos anos, 6 por cento do PIB, quase a cantar vitória. Estava, assim, absolutamente desperdiçado o primeiro ano de consolidação das finanças públicas. Com maioria absoluta no Parlamento e a oposição manietada. Sócrates não tinha desculpas. Constâncio deu-lhe o pretexto

Elucidativo artigo, sobre uma das mais cinzentas personalidades do regime.

O adeus a Angola



Wednesday, June 21, 2006

Sorriso amarelo

Conversas de professores (I) *

À conta do choque tecnológico, o ME "anda numa" de plataformas de e-learning, e não está com meias medidas, espicaça o "terreno" com formações e mais formações sobre a plataforma Moodle, a descoberta do século que, conjuntamente com a domesticação dos professores, virá resolver os males de que enferma a educação em Portugal.
Mesmo deixando de lado a discutível qualidade da plataforma; mesmo esquecendo que muitos dos professores arrebanhados para a formação sobre a Moodle não têm competências básicas em informática que lhes permitam, sequer, perceber as potencialidades de tal ferramenta, a determinada opção do ME pela divulgação e utilização desta plataforma junto das escolas, professores e alunos poderá significar que, num futuro não muito longínquo, está disponível para equacionar a transformação do ensino presencial em meio escolar por um ensino à distância, para os alunos que assim o pretendam?
A questão é pertinente, quando no próprio discurso governamental se reconhece que há que mudar a escola, preparando-a para as dificuldades do presente, para os desafios do futuro e para as mudanças de paradigma, quer na socialização do indíviduo, quer na aquisição e estruturação do conhecimento, nesta era da comunicação em tempo real e da interactividade que a rede permite.
O debate a que esta questão conduz, apaixonado, corre, no entanto, o risco de esvaziar-se numa perspectiva corporativista do papel da escola. O futuro, contudo, não se compadece com abordagens demasiado tradicionais, e o futuro começou há muito tempo. A Escola é que ainda não percebeu.
* Tentativa de reprodução de algumas reflexões soltas feitas por um grupo de professores, em amena tertúlia.

Tuesday, June 20, 2006

Não havia necessidade...*

Dá pena ver um blog do tipo "plataforma giratória", com uma média de 902 visitas diárias (dados weblog), perder toda a razão, quando lhe "foge" a tecla e remata uma resposta à crítica alheia com esta preconceituosa "classificação" da argumentação do crítico - «conversa pobre de blogue anónimo com três visitas diárias».
Não venha a augusta senhora com armas mortíferas, que sei não ter nada com isso, é apenas sensibilidade de pobre leitor anónimo, a quem, segundo a "pérola" da nota adicional, faltará "qualidade de leitura"(?!), para um blog tão inteligente.
*... mas deu-se o caso de ter acordado assim!
NOTA ADICIONAL: Impõe a verdade que se diga que a "plataforma giratória" não é só um dos blogs mais visitados da blogosfera, é também um dos mais atentos postos de observação sobre as suas próprias audiências - apenas 1 hora e 7 minutos depois de publicado este post, já o mesmo tinha sido detectado e recebia a bombástica atenção de uma inspecção em regra. Já me tinham falado nos escravos do site meter, mas vê-los em acção dá um friozinho de arrepiar.

"Contribution to Memorable Context"

Rafal Olbinski

A não perder

«O que se escreve nos blogues tem características de inacabado e vive sempre na iminência da sua flutuação noutro local da rede. Em cada palavra escrita na rede existe sempre um parapeito de perturbação ou um limiar de transtorno, na medida em que o destino da enunciação anda invariavelmente associado a uma imponderada mobilidade
E assim, desta forma brilhantemente sucinta, o autor desnuda, impiedosamente, a aventurosa atracção pelo abismo que existe em cada um de nós, que blogamos.

Saturday, June 17, 2006

Seguimos em frente


Com mérito individual e colectivo

Friday, June 16, 2006

O crime compensa

Quem será a próxima Vanessa?

«deixai povos e nações seguirem os seus escuros caminhos, na verdade, nos quais não brilha uma única esperança»*

No Diário Económico, escreve Carlos Marques de Almeida: «Cavaco Silva anseia pelo lugar neutro de todos os equilíbrios. Anseia por esse ponto equidistante que assegura a coerência de todo o sistema. Mas o que poderemos designar por ”neutralidade activa” gera certamente algum desespero e muita desilusão. O desespero de uma certa Direita que esperava mais. O desespero de uma certa Esquerda que não esperava tanto. A desilusão de uma certa Direita que sonhava com a ”presidencialização do regime”. A desilusão de uma certa Esquerda que antecipava em Belém um foco de ”conspiração revanchista”. Cem dias passados, o País parece ter esquecido o ”homem providencial”. Cem dias passados, o País já se habituou ao estilo suave do Presidente da República. E longe das críticas e da polémica, Cavaco Silva é hoje o ”Presidente de todos os Portugueses”.»
Esta aceitação incolor e tranquila com que o país observa a acção do Presidente, dependerá do mérito deste, ou da ajuda que recebe do marketing que o governo pôs à sua disposição?
* Friedrich Nietzsche

Tuesday, June 13, 2006

De Aine, as sombras e a luz.
Comparando o post anterior e esta notícia, conclui-se que houve um erro de interpretação do crackdown relativamente às palavras do Presidente Cavaco, no passado dia 10 de Junho.
Não fora a insignificância deste blogue, e quase se justificaria pensar que o Presidente terá sido alertado para a possibilidade de ser efectuada uma interpretação como a aqui feita, tendo sentido a necessidade de esclarecer o seu pensamento, para que não subsistissem dúvidas sobre a sua solidariedade com a titular da educação.
Seja como for, e porque em matéria de interpretações todas as liberdades são permitidas, é um facto que também a frase presidencial «Deixemos a ministra da Educação actuar com a experiência e as competências que tem para ver se aumenta a qualidade no nosso sistema educativo» pode não ser tão inocente como parece. Uma coisa é certa - o Presidente está muito bem assessorado em matéria de educação, pelo que nenhuma afirmação sua sobre este tema será fruto do acaso. O tempo e as circunstâncias se encarregarão de demonstrar como espera o Presidente ver resolvida a ineficiência do sistema educativo português.

Monday, June 12, 2006

Recado a Maria de Lurdes Rodrigues*

«Quando, por exemplo, nos alarmamos com o insucesso escolar dos nossos filhos, o impulso é atribuir todas as culpas ao sistema de ensino, aos responsáveis políticos, aos professores… Só raramente nos lembramos que a educação é uma tarefa da escola mas é também um dever da família, que não pode demitir-se do seu papel essencial na educação dos filhos e na transmissão dos valores que os devem guiar pela vida fora, como cidadãos e como pessoas completas e íntegras.» - Discurso do Presidente da República na Sessão Solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Porto, 10 de Junho de 2006
* segundo uma Sondagem EXPRESSO/SIC/Renascença, o Presidente Cavaco Silva regista, em apenas três meses de mandato, níveis de aprovação a rondar os 60%, feito que o seu antecessor só conseguiu no último período dos dez anos que passou em Belém.

Pesadões, estafados e cegamente individualistas...




... estiveram os nossos rapazes no primeiro jogo da selecção de Portugal. Se sofremos assim para tão magra vitória sobre Angola, talvez se justifique começar a fazer as malas. Scolari pode acreditar em milagres, mas esqueceu-se de uma característica tuga - somos tão invejosos que fazemos tudo para destruir os que têm sucesso, nem que, para isso, tenhamos que ir para o abismo com eles.

Avaliação exemplar

A ministra da educação, e todos aqueles que a apoiam na defesa de um modelo de avaliação dos professores que integre a avaliação feita pelos pais dos respectivos alunos, estão, finalmente, vingados - demonstra-se que estão cheios de razão e que os que põem em dúvida a bondade da medida não passam de uma cáfila de calaceiros e de sanguessugas do sistema.
Não poderia a ministra querer melhor avaliação feita pelos pais - rápida, objectiva e eficazmente demonstrativa. O ministério fica ainda a ganhar - com as faltas que vai dar por ficar de baixa, a professora perde o bónus que, tão generosamente, o governo se propõe atribuir aos professores que não faltem. De facto, num país com exemplos como este, quem poderá pôr em causa a excelência das ideias de Maria de Lurdes Rodrigues?

Friday, June 09, 2006

O desejo mede os obstáculos/a vontade vence-os*




* Alexandre Herculano

Mistakes

Quando deixará de doer?

Thursday, June 08, 2006

TPC

Compreendo a ideia de Maria de Lurdes Rodrigues ao querer acabar com o TPC, porque mata, assim, vários coelhos de uma cajadada só (estratégia em que o governo é exímio e que ela muito cultiva, dada que é à manipulação estatística).
Efectivamente, o fim do TPC agrada aos pais, que se livram de uma incómoda tarefa a realizar com os filhos, tantas vezes motivo de zangas, crises e castigos, que lhes deixam a descoberto a falta de autoridade, lhes minam o desejável repouso no final de um dia de trabalho e lhes estragam a harmonia familiar, conseguida com um televisor bem colocado no quarto dos infantes. Estes, por sua vez, rejubilam, porque, apesar de terem que realizar as tarefas na escola, podem reivindicar, com maior “autoridade”, o direito à inércia ou à actividade lúdica, sem que os pais tenham argumentos “legítimos” para contrapor. Quanto à opinião pública, aceita, com aliviada tranquilidade, os argumentos avançados pela generosa governante – dar igualdade de oportunidades no reforço de aprendizagens que os TPC podem configurar, assegurar a todos um apoio especializado para a realização dos mesmos, deixar às famílias mais tempo para o convívio, a conversa e a brincadeira…
Compreendo, pois, como, em termos de belo efeito, a decisão é favorável ao governo, que, mais uma vez, faz de conta que faz o que importa fazer, quando mais não faz do que “nivelar por baixo”, ou, dito de outra forma, aplica de forma generalizada soluções de muito duvidosa bondade, que deveriam ser apenas aplicáveis a casos especiais e marginais. Efectivamente, como há famílias que não têm tempo, apetência, ou meios para acompanharem as suas crianças na realização de trabalhos de casa, opta-se pelo mais fácil – retira-se a todas as famílias essa tarefa, em vez de se motivar a maioria dos pais para realizarem com os filhos pequenos trabalhos escolares, que ajudam a demonstrar aos jovens como se valoriza, na família, o esforço por aprender, e como esses momentos de responsabilidade individual do aluno podem ser partilhados pela família, com gosto, sentido da responsabilidade e da autoridade. Facilitismo e desresponsabilização, é o que esta solução milagrosa tem na sua génese. Para alguns, pode parecer exagero dizer-se que o fim do TPC irá afastar cada vez mais as famílias do centro da responsabilidade com a vida escolar das suas crianças, e contribuirá para tornar a célula familiar cada vez menos empenhada na formação intelectual e cultural dos seus membros mais jovens, mas daqui por uns anos será possível ver onde nos levou esta sedutora cedência à negligência com que algumas famílias vêm tratando os seus filhos. Pode dizer-se que a decisão agora tomada não impede as famílias que assim o queiram de continuar a trabalhar conteúdos escolares com os seus jovens, mas sabemos como esse discurso é uma falácia.
Curiosamente, é esta mesma governante que quer pôr os pais a avaliarem os professores dos filhos. Com o crescente afastamento da escola e da vida escolar, que uma medida como esta ajuda a promover, presume-se que essa avaliação se fundamente, cada vez mais, na cor dos olhos, no modelo de vestuário, no sorriso, no perfume... sei lá!
Qualidade, diz ela. Disparate, digo eu. O país é que paga.

Wednesday, June 07, 2006

Ela quer fazer omeletes sem ovos


"Não há memória histórica no país de sistemáticos ataques de incompetência, desautorização, manipulação, falta de arbítrio e imparcialidade como os manifestados pela titular da pasta do Ministério da Educação (ME)", acusa a Fenei.

Tuesday, June 06, 2006

Timor

Para tentar perceber o que por lá se passa, é imprescindível ler Paulo Gorjão, no Bloguítica. Mesmo pertencendo ao grupo daqueles que nunca percebeu a histeria colectiva que se abateu sobre os portugueses com o nascimento desse país, admirei-me de ainda conseguir ter sentido surpresa com o primário comportamento de Xanana Gusmão, no presente conflito. Os ídolos têm pés de barro, é certo, mas Xanana é todo pés. E já que falamos em pés, percebe-se como é que os portugueses continuam a gerir o seu envolvimento na crise timorense... Ai, Timor!

MSFX

Cá por "casa" sempre se contou às crianças a historieta da esperteza do saloio que, aflito para dar a um amigo a notícia da morte do tio, começa por lhe comunicar, abruptamente, a morte de toda a família e, quando o outro se descabela de dor, lhe diz que, afinal, apenas tinha sido o tio a morrer. Embalado com tão boa notícia, o pacóvio amigo do espertalhaço suspira de alívio, enxuga as lágrimas e acabam a celebrar na taberna da aldeia.
Tenho recordado esta historieta a propósito do modus operandi deste governo, que anuncia medidas de rigor e dureza cegos, para depois recuar, aparentemente com magnânima humildade e tolerante candura. Os pacóvios, que somos nós, agradecem, e tão anestesiados ficamos com o alívio, que nem notamos que, pelo caminho, lá foram vingando umas medidazitas avulsas e muito discretas, mas que nos tramam bem tramados.
Só nas últimas horas, tivemos o anúncio de recuo em pontos sensíveis da futura lei do tabaco e da taxa social única em função do número de filhos, mas, lidas com atenção as notas do governo, lá percebemos que, quando a cortina de fumo se dissipar, ficou exactamente o que o governo pretendia que ficasse.
Chamem-lhe jogos de espelhos, efeitos de luz e de sombra, gestão da informação, talento político, o que quiserem, mas não se esqueça, porém, que, para além de mera esperteza saloia, este procedimento denota um profundo desrespeito pelos governados. Que talvez gostem deste tratamento, tamanha é a passividade com que aceitam as repetições do jogo e se regozijam com os "sucessos" obtidos na "negociação" com o governo.
País pequenino, este nosso.

Friday, June 02, 2006

Ausência

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Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen